M.Dias Branco (MDIA3) tem custos maiores no 3º tri, mas consegue repassar preços; empresa prevê pressão menor em 2023

Impactada pela alta dos custos de insumos, mas bem-sucedida em repassar preços. Esses foram os principais destaques do resultado do terceiro trimestre de 2022 (3T22) da M.Dias Branco (MDIA3) na última sexta-feira (11), que também guiam as recomendações para os ativos da fabricante de massas e biscoitos.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 334 milhões, em linha com a estimativa consensual de R$ 337 milhões.

No 3T22, a M. Dias Branco registrou receita líquida de R$ 2,977 bilhões (8% acima do consenso), o que provavelmente pode ser explicado pelos volumes 10% acima do esperado e preços crescentes.

A Eleven avalia que pelo quarto trimestre consecutivo, a M. Dias Branco conseguiu realizar aumento de preços (+29,1% ao ano e 3,4% no trimestre) voltando a apresentar crescimento de volumes (+5,7% no ano e 15,2% no trimestre), levando a companhia a reportar uma receita líquida recorde de R$2,9 bilhões (+36,5% no ano). Destaque positivo para o desempenho da Piraquê, que atingiu crescimento de 49% no ano da receita líquida, superior ao aumento de 38% do segmento total de biscoitos.

Enquanto o Ebitda subiu, a margem Ebitda foi a 11,2%, queda de 1,9 ponto percentual no ano, justificada pela alta
nos preços das commodities devido a guerra entre Rússia e Ucrânia, mitigada por uma maior diluição das despesas de vendas e gerais e administrativas, que nesse trimestre representaram 18,4% da receita líquida (queda de 1,2 ponto percentual no ano).

“A receita acima do esperado pode explicar o Ebitda também acima das nossas estimativas, uma vez que as margens ficaram em linha com o esperado. Por fim, o lucro líquido ficou 2% abaixo das nossas estimativas e 8% abaixo do consenso devido a despesas financeiras acima do esperado (custos de hedge mais altos)”, aponta o Bradesco BBI.

Na avaliação do Bradesco BBI, apesar dos resultados gerais neutros, a M. Dias Branco relatou aumentos de preços de 30% em base anual em todas as categorias, o que reforça a sua visão de que a empresa será capaz de entregar Ebitda cerca
de 10% acima do consenso em 2023, quando a queda no custo das commodities começar a refletir os resultados da empresa (há uma defasagem de seis meses para que os preços spot comecem a refletir nos resultados da empresa). Assim, mantém a recomendação de compra e o preço-alvo para 2023 em R$ 50, ou um potencial de alta de 28% em relação ao fechamento de sexta.

Para a XP, a M. Dias Branco apresentou resultados positivos no 3T22, impulsionados principalmente pelo sólido crescimento da receita como resultado de maiores preços e volumes, levando o Ebitda a ficar acima de suas estimativas.

“Apesar dos resultados positivos do 3T22, dada a falta de visibilidade devido à volatilidade tanto na perspectiva de CPV [Custo de Produto Vendido] quanto de volumes/preços, está ficando mais difícil prever onde as margens chegarão e qual será o Ebitda recorrente da empresa. Além disso, a MDIA3 está superando o Ibovespa em cerca de 48% no acumulado do ano”, avalia a XP. A casa destaca que a ação da companhia opera acima dos níveis históricos, reiterando recomendação neutra para MDIA3.

Para o quarto trimestre, a XP espera um efeito menor da crise Rússia/Ucrânia no custo do trigo da empresa. Além disso, uma sazonalidade positiva, e a Copa do Mundo junto com o auxílio emergencial do governo impulsionando a demanda podem impulsionar as margens do MDIA, a nosso ver.

Para a Eleven, o resultado demonstra uma boa evolução da M. Dias em termos de gestão comercial. A companhia conseguiu repassar preço revertendo a perda de volume dos últimos trimestres, além de estar investindo em um mix que possui maior
valor agregado e aprimorando sua estratégia comercial.

“Para os próximos trimestres, esperamos que continue a melhora gradual de seu desempenho dado a retração do
trigo. Ressaltamos também as aquisições de Jasmine e Las Acacias, que introduziram no portfólio novas categorias com produtos de alto valor agregado, além de fortalecer a estratégia de internacionalização da companhia”, aponta.

Do lado negativo, vê um ambiente macroeconômico ainda desafiador, principalmente nas regiões onde a M. Dias lidera (Norte e Nordeste), cuja população é mais sensível à renda. Dito isso, acredita que os bons números apresentados já estejam no preço. Os analistas da casa não veem espaço para alta de MDIA3. Assim, mantêm preço-alvo de
R$ 35,00, e cortou a recomendação de neutra para venda.

Arrefecimento de preços

Em teleconferência nesta segunda-feira (14), os executivos destacaram aumento do preço-médio de produtos e de volumes no 3T22.

Gustavo Theodozio, vice-presidente da M. Dias Branco, ressalta que esse já é o quarto crescimento trimestral consecutivo do preço-médio de produtos. Já o volume avançou 15% no terceiro trimestre comparado ao 2T22, e 6% de aumento em relação ao mesmo período do ano passado.

A empresa relatou aumento nos custos de trigo e óleo de palma, refletindo no balanço do 3T22. Fabio Cefaly, diretor de Novos Negócios da empresa, disse, no entanto, a analistas de mercado que ambas as commodities apresentam tendência de queda e isso deve ser mostrado nos resultados da companhia nos próximos trimestres. No 3T22, os custos dos produtos vendidos da M. Dias Branco, tanto na comparação com o 3T21 quanto ao 2T22, subiram impactados pelo aumento do preço de trigo e óleo de palma, influenciado pelo conflito entre Rússia e Ucrânia.

“Se não tivesse inflação, nossa vontade era não precificar. Mas a gente olha pra frente e ainda tem pressão inflacionária”, afirma Theodozio. “Ano que vem a gente está prevendo um único aumento, mas vai depender obviamente do cenário global. Devemos diminuir um pouco essa intensidade de aumentos”, avalia.

O executivo diz que, no mínimo, a empresa vai continuar recompondo as margens. Para ele, o resultado do último trimestre está refletindo o momento (de guerra Rússia-Ucrânia e preços altos de commodities), “mas estruturalmente a companhia está muito mais preparada para captura de melhores margens”.

Segundo o vice-presidente, a companhia “tem que encontrar alternativas para minimizar o efeito desses custos”.

Theodozio apontou ainda ver cenário de demanda positivo no fim do ano. Ele disse que “volumes continuam indo bem” e olha comportamento contínuo no próximo trimestre. O volume nos nove primeiros meses do ano subiu 1% em relação ao mesmo período do ano passado.

Às 13h50 (horário de Brasília), os ativos MDIA3 subiam 1,84%, a R$ 39,82, nesta segunda-feira (14).

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Por: Lara Rizério – InfoMoney

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