Lagarde, do BCE, diz que não consegue imaginar os EUA entrando em default na dívida

Presidente do BCE, Christine Lagarde, chega em Cúpula da UE em Bruxelas (Thierry Monasse/Getty Images)

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, disse que não prevê que os Estados Unidos entrem em default em sua dívida, afirmando que tal resultado teria consequências graves em todo o mundo. “Eu tenho grande confiança nos Estados Unidos”, disse Lagarde em uma entrevista para o programa “Face the Nation” da rede de televisão americana CBS no domingo (16). “Eu simplesmente não consigo acreditar que eles permitiriam que um desastre tão grande acontecesse.”

“Se acontecesse, teria um impacto muito, muito negativo não apenas para esse país, onde a confiança seria desafiada, mas em todo o mundo”, acrescentou Lagarde. “Eu entendo a política, eu mesma estive na política. Mas há momentos em que o interesse maior da nação deve prevalecer.”

Lagarde entrou na discussão enquanto os Estados Unidos enfrentam a possibilidade de um default de dívida que poderia enviar ondas de choque pela economia mundial. A administração do presidente Joe Biden está insistindo que não haverá negociações sobre o limite da dívida com o presidente da Câmara dos Deputados, Kevin McCarthy, cujos republicanos têm buscado vincular o aumento do teto a cortes nos gastos dos Estados Unidos.

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos está utilizando medidas extraordinárias para evitar o descumprimento do limite da dívida, mas o teto precisará ser elevado neste meio de ano para evitar um default. McCarthy deve fazer um discurso na Bolsa de Valores de Nova York na segunda-feira (17), que deve se concentrar no impasse.

Banqueiros e autoridades proeminentes dos Estados Unidos, como a secretária do Tesouro, Janet Yellen, têm alertado há meses contra levar os Estados Unidos à beira do precipício.

Uma situação similar em 2011 abalou os mercados financeiros e levou a Standard & Poor’s a emitir o primeiro rebaixamento do rating de crédito do governo dos Estados Unidos na história. Na época, o então presidente Barack Obama concordou com mais de US$ 2 trilhões em cortes de gastos ao longo de uma década para encerrar a crise.

Lagarde deu seu aviso após participar das reuniões do Fundo Monetário Internacional em Washington, onde autoridades financeiras de todo o mundo discutiram as perspectivas econômicas diante dos desafios impostos pela inflação e pela dívida elevada decorrente da pandemia de Covid-19 e da guerra na Ucrânia.

Diante da pressão por mais aumentos nas taxas de juros na zona do euro para combater a inflação, Lagarde disse que um aperto limitado do crédito pode facilitar a tarefa do Banco Central Europeu, ecoando comentários de Yellen.

“Se eles não concederem muito crédito e se gerenciarem seus riscos, isso pode reduzir o trabalho que temos que fazer para reduzir a inflação”, disse Lagarde. “Mas se eles reduzirem muito o crédito, isso pesará excessivamente no crescimento.”

É “um equilíbrio delicado”, disse ela.

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Por: Bloomberg – InfoMoney

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