Dólar se aproxima dos R$ 5,50 com visão de Fed mais agressivo; Goldman vê real entre moedas mais sensíveis e revisa projeções

A sessão desta quinta-feira (14) é de queda para o real ante do dólar. Às 11h06 (horário de Brasília), a moeda americana saltava 1,46%, a R$ 5,484 na compra e R$ 5,485 na venda, após uma máxima de R$ 5,49 no mercado doméstico, seguindo a força da divisa em termos globais conforme crescem as apostas de que o Federal Reserve promoverá um aperto monetário mais agressivo do que o anteriormente estimado pelos mercados financeiros.

A adoção de um aumento de juros de 1 ponto percentual pelo banco central dos Estados Unidos em sua próxima reunião, no final deste mês, já é o cenário mais provável segundo alguns indicadores do mercado após a inflação dos EUA renovar nova máxima em mais de 40 anos em junho. 

Cabe destacar que, na véspera, o Goldman Sachs elevou de forma expressiva a expectativa para a cotação do dólar ante o real em três meses, citando “elevados riscos de curto prazo” para algumas divisas emergentes num cenário de euro fraco, incertezas sobre crescimento chinês, alta de juros nos EUA e recuo das commodities.

O banco agora vê o dólar em R$ 5,50 ao fim de três meses, ante R$ 4,70 no cenário anterior. A projeção em seis meses pulou de R$ 4,80 para R$ 5,30, enquanto a de 12 meses foi mantida em R$ 5,00.

Os profissionais do banco americano disseram ainda que o real, apesar da depreciação recente, ainda carrega uma surpresa positiva de performance no ano de cerca de 10%, o que, para o Goldman Sachs, sugere espaço para desvalorização extra da taxa de câmbio.

“O argumento para uma queda adicional do real provavelmente depende mais das preocupações recessivas que levam a um declínio sustentado nos preços do petróleo”, disseram os analistas do banco.

Evidenciando as fragilidades do câmbio doméstico, o Goldman Sachs coloca o real entre as moedas com mais alto “beta” (uma medida de sensibilidade) a potenciais cenários negativos.

Num cenário em que as expectativas para crescimento da economia chinesa e os preços das matérias-primas recuam, a taxa de câmbio poderia despencar 9,2%. Com um Fed mais “hawkish” (inclinado a apertar a política monetária de forma mais rígida), a desvalorização seria de 7,6%.

No Brasil, o noticiário negativo sobre o fiscal exacerbava o pessimismo vindo dos mercados internacionais. Na véspera, a Câmara dos Deputados aprovou em segundo turno a PEC dos Auxílios, que amplia e cria novos programas de benefício a menos de três meses das eleições de outubro, com previsão de despesas fora do teto de gastos. Espera-se que a proposta seja promulgada ainda nesta semana.

Para Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs, “as medidas anunciadas conduzirão, em alguns casos, a uma má distribuição de recursos na economia e poderão ter um impacto duradouro nas finanças públicas”. Ele acrescenta ainda que novos estímulos à população podem dificultar a tarefa do Banco Central de conter a inflação.

“Além disso, outra emenda constitucional que permite gastos além do teto de gastos é um desenvolvimento negativo na medida em que leva a uma maior erosão das principais âncoras fiscais.”

José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos, destaca que, com o início do recesso parlamentar em Brasília, pode haver uma redução dos ruídos no mercado.

Por outro lado, o dólar está extremamente forte no mundo e as commodities caem, como metais e grãos, o que enfraquece a moeda brasileira.

“Observando o passado como guia, o dólar spot foi negociado por períodos curtos acima de R$ 5,50. O mercado está muito perigoso, mas é provável que tenhamos uma acomodação neste nível”, avalia.

Em relatório nesta semana, o Morgan Stanley destacou que, com cerca de 12 semanas restantes até as eleições presidenciais do Brasil, a expectativa é de que os ruídos políticos permaneçam elevados, já que os dois candidatos que aparecem na dianteira nas pesquisas de intenção de voto (Lula e Jair Bolsonaro) começam a fazer campanha mais ativamente, potencialmente ampliando a preocupação do mercado sobre a âncora fiscal do Brasil em 2023.

Enquanto isso, o cenário externo deve continuar a se deteriorar, exacerbando as pressões locais. Assim, além das potenciais pressões domésticas no Brasil, os analistas do banco esperam uma força renovada do dólar nos próximos meses. Eles veem  o DXY, índice do dólar contra uma cesta de seis rivais fortes, atingindo um pico de 112 no terceiro trimestre de 2022. Nesta quinta, ele chegou na casa dos 108, rondando novas máximas em duas décadas.

“É claro que isso deve criar uma pressão de alta adicional para o dólar ante o real, especialmente se a incerteza fiscal continuar aumentando”, avalia o Morgan.

(com informações da Reuters)

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Por: Equipe InfoMoney – InfoMoney

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