Argentina congelará preços de 1.500 produtos para aliviar hiperinflação ao consumidor

Segunda revisão do acordo a caminho

A Argentina anunciou seu programa de congelamento de preços de itens considerados essenciais à população. Em um acordo firmado com supermercados e fornecedores de bens de consumo ficou estabelecido que 1.500 produtos não sofrerão aumentos.

A medida busca frear os impactos da inflação no país, que deve terminar este ano com índice na casa dos 100%, o que vem minando o poder de compra da população, sobretudo, a mais empobrecida, e desgastando o governo peronista de centro-esquerda de Alberto Fernández.

Segundo o Ministério da Economia, o novo programa “Preços Justos”, que abrange bens de consumo de alimentos e bebidas a produtos de limpeza, vai ajudar a estabilizar os preços dos produtos em favor do consumidor.

Pelas regras do programa, anunciado na última sexta-feira (11), uma parcela de produtos sofrerá aumento de 4% antes do congelamento. Já outros itens iniciarão no programa nos valores atuais e, com o decorrer do tempo, poderão sofrer aumentos de até 4% ao mês. O congelamento tem previsão de durar pelos próximos quatro meses.

Os argentinos que constatarem aumentos abusivos, ao longo da vigência do programa, terão à disposição um aplicativo que será criado pelo governo para informar, de forma ampla e oficial, o preço “congelado” dos produtos.

Nesse mesmo canal, a população poderá denunciar as empresas que descumprirem a norma e até digitalizar o código de barras do item que desrespeitar a nova regra.

O “congelamento” de preços não é uma novidade na Argentina. Ele foi usado por governos anteriores, inclusive, do ex-presidente liberal Mauricio Macri (2015-2019).

População vasculha lixões

Argentinos estão enfrentando taxa galopante de inflação neste ano. Para sobreviver, é recorrente a presença de pessoas vasculhando lixões em busca de reciclados ou fazendo fila para trocar pertences em clubes de troca.

O país deve registrar o maior aumento nos preços este ano, desde um período de hiperinflação por volta de 1990, um caso extremo que vem sendo impulsionado pela invasão russa à Ucrânia.

“Minha renda não é mais suficiente”, disse Sergio Omar, que passa 12 horas por dia vasculhando montanhas de lixo de um aterro sanitário em Lujan, a 65 quilômetros da capital Buenos Aires, em busca de papelão, plástico e metal para vender.

Omar, de 41 anos, afirmou que os custos dos alimentos aumentaram tanto nos últimos meses que ficou difícil alimentar sua família de cinco filhos. Ele disse que um número crescente de trabalhadores informais vai ao depósito de lixo para encontrar qualquer item que possa vender na luta pela sobrevivência.

“O dobro de pessoas está vindo aqui porque há muita crise”, disse ele, explicando que pode ganhar entre 2 mil e 6 mil pesos (US$ 13 a US$ 40) por dia vendendo lixo reciclável.

De país mais rico do mundo à pobreza

Há um século, a Argentina era um dos países mais ricos do mundo. Mas, nos últimos anos, passou de uma crise econômica para outra e tem lutado para manter a inflação sob controle.

Os níveis de pobreza foram superiores a 36% no primeiro semestre de 2022, e a pobreza extrema subiu para 8,8%, cerca de 2,6 milhões de pessoas. Os programas de bem-estar do governo ajudaram a evitar que ela subisse mais, mas ainda há alguns pedidos de mais gastos sociais, apesar dos fundos estatais limitados.

Em 2001, durante uma das piores crises econômicas da Argentina, Sandra Contreras criou o “Lujan Barter Club”. A entidade está decolando novamente, pois os argentinos, incapazes de acompanhar os preços, procuram trocar itens como roupas velhas por um saco de farinha ou macarrão.

“As pessoas chegam muito desesperadas, seus salários não são suficientes, as coisas estão piorando a cada dia”, disse Contreras, acrescentando que elas começam a fazer fila duas horas antes da abertura do clube de trocas, todas as manhãs.

(Com informações da Reuters)

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Por: Equipe InfoMoney – InfoMoney

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