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Sem Bolsonaro, Cúpula do Mercosul opõe Argentina e Uruguai sobre adesão ao TPP

Sem a presença de Jair Bolsonaro, que foi representado pelo vice-presidente Hamilton Mourão, a 61ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, que aconteceu nesta terça-feira (6) em Montevidéu, no Uruguai, foi marcada por alguma tensão entre os chefes de Estado uruguaio, Luis Lacalle Pou, e argentino, Alberto Fernández. A discordância é sobre o desejo do Uruguai de integrar a Parceria Transpacífico (TPP) área de livre-comércio entre países da Ásia, Oceania e Américas do Norte e do Sul.

O Uruguai anunciou em novembro sua intenção de assinar a carta de solicitação de adesão ao bloco, o que levou os governos da Argentina, Brasil e Paraguai a advertirem carta que poderiam “adotar qualquer providências que julgar necessárias à defesa de seus interesses nas esferas jurídica e comercial”.

Em seu discurso na Cúpula do Mercosul, Fernández pediu que Lacalle Pou respeitasse as regras do bloco. “O caminho não é o que você propõe “, disse o presidente argentino. Sobre as “assimetrias” citadas pelo colega uruguaio e que compõem o cenário geopolítico e econômico da região, Fernández disse que elas afetam tanto o Uruguai como todos os países.

Para o presidente argentino “a solução não é cada um fazer o seu, não acho que seja o mecanismo “. Ele afirmou ainda que “ações unilaterais nos preocupam”.

O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, foi mais diplomático e destacou ter ouvido de Pou a disposição para avançar em um diálogo antes de concluir qualquer tipo de processo. “Se é isso que entendi, ele compartilhará o processo de negociação com o bloco, antes de tomar uma decisão”, ponderou.

Para Abdo Benítez, é importante o bloco poder construir uma estratégia comum porque o mundo olhará com muito mais interesse para a grande riqueza e o potencial da área. “Não somos apenas fornecedores de alimentos. Precisamos de solidariedade para manter o acesso competitivo aos grandes mercados do mundo”, disse o presidente paraguaio.

Mourão também preferiu destacar mais as semelhanças de propósitos do que as diferenças. Ele disse que o governo de Jair Bolsonaro país trabalhou “para fortalecer o Mercosul” e que o bloco consolidou 30 anos de avanços, apesar dos desafios que a pandemia e o cenário internacional (com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia) representaram.

“Trabalhamos para ampliar e aprofundar os acordos comerciais existentes, bem como dinamizar os serviços”, disse Mourão, que continuou afirmando que o Brasil está disposto a discutir o cumprimento dos tratados de forma a abordar as” diferentes soluções para os problemas de todos” os sócios. “Só assim será possível desenvolver uma imagem comum.”

Entre as assimetrias citadas por Lacalle Pou está a decisão unilateral do Brasil de reduzir a Tarifa Externa Comum (TAE) em 10%, em maio. No final de julho, os sócios concordaram em fazer essa redução para todo o bloco.

Mas o presidente uruguaio não pareceu se sensibilizar com os apelos e até ameaças dos demais sócios do Mercosul. “Se você não quer ir (para a TPP), a maneira de nos ajudar é nos deixar ir. Parece-me que esta é simplesmente a vontade expressa há muitos e muitos governos pelo Uruguai”, respondeu Pou a Fernández.

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Por: Roberto de Lira – InfoMoney

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