As ações da Vale (VALE3) fecharam esta sexta-feira (17) em queda de 1,30%, após divulgar o seu balanço financeiro do quatro trimestre de 2022. Embora os resultados estejam em linha com o projetado por analistas, a reação do mercado foi mista — com muitas casas de investimento mantendo suas posições. Maso BB Investimentos rebaixou a recomendação de compra das ações da mineradora para neutro.
No relatório assinado pela analista Mary Silva, o BB-BI destaca que, embora a Vale tenha encerrado o ano com volumes de produção ligeiramente abaixo do guidance, houve recuperação nos volumes de vendas em relação ao trimestre anterior. Mesmo assim, rebaixou a recomendação de compra de ações.
Em função do baixo upside e das incertezas com relação à retomada mais firme da demanda global de minério de ferro no curto prazo.
Apesar do rebaixamento na recomendação, o BB-BI, por outro lado, elevou o preço-alvo das ações da Vale. Saiu de R$ 92 para R$ 94. No pregão desta sexta-feira, os papéis da mineradora fecharam a R$ 88,03.
UBS mantém recomendação de venda da Vale
Em relatório, o UBS BB destaca que as vendas da Vale foram influenciadas pelo recente “rali do minério”, mas que os preços aplicado à commodity são muito mais especulativos sobre a reabertura econômica da China do que propriamente embasados.
A atual cotação do minério em aproximadamente US$ 109 a tonelada estaria inclusive supervalorizada. A previsão da casa é de que a commodity chegue aos US$ 95 a tonelada até o final de 2023.
“Avaliamos que o risco do preço do minério de ferro é ponderado para baixo para US$ 95 a tonelada no final de 2023. E ainda para US$ 80 a tonelada no final de 2024, e US$ 75 a tonelada em 2025″, destaca o relatório assinado por Andreas Bokkenheuser, Cleve Rueckert e Cadu Schmidt.
Diante disso, o UBS BB mantém a recomendação de venda das ações da Vale com preço-alvo a US$ 12 o ADR.
Goldman Sachs também prevê queda no minério
Os analistas do Goldman Sachs também destacaram a possível queda na cotação do minério, porém são mais otimistas do que o UBS. A casa projeta que a commodity tenha um pico no segundo trimestre deste ano, mas que irá cair ao custo marginal em 2024, “conforme o equilíbrio entre oferta e demanda se torna superavitário.”
“Os investidores vêm aumentando sua exposição à Vale desde o 3T22, mas a maioria vê a recente alta do minério de ferro impulsionada em grande parte pela emoção, e não pelos fundamentos da China”, pontuam Marcio Farid, Gabriel Simões e Henrique Marques, que assinam o relatório.
O Goldman mantém a recomendação neutra para as ações da Vale com preço-alvo do ADR em US$ 12.
BofA acredita que minério dará “suporte” às ações
Os resultados da Vale no 4T22 também vieram de acordo com as expectativas do Bank of America (BofA), cujo relatório cita o fato de não haver grandes eventos que pudessem desencadear “resultados atípicos”. Segundo a casa, as ações da Vale estão bem avaliadas em 5x EV/EBITDA 2023E.
“Mas reconhecemos que o forte impulso com a reabertura da China e estímulo imobiliário do país podem continuar a dar suporte aos preços do minério de ferro e, consequentemente, às ações da Vale”, pontuam os analistas Caio Ribeiro, Leonardo Neratika e Guilherme Rosito, que assinam o relatório.
O BofA mantém uma indicação neutra para as ações da Vale, com preço-alvo de R$ 100.
Santander destaca melhores preços e custos estáveis
Por fim, o Santander não mudou a sua classificação outperform para a Vale, que é a sua top pick no setor de materiais básicos da América Latina. Segundo a casa, a mineradora teve resultados em linha com as estimativas no 4T22.
Junto a isso, o volume de vendas da Vale foi mais forte sazonalmente, conseguindo mitigar parte dos efeitos do fluxo de caixa mais fraco.
“Em nossa opinião, a atual dívida líquida expandida da Vale de US$ 14,1 bilhões (vs. meta de US$ 10-20 bilhões), sugere que a empresa pode continuar a entregar sólidos retornos de caixa em 2023″, afirmam os analistas Rafael Barcellos e Arthur Biscuola.
Desta forma, o Santander mantém a recomendação de compra da Vale com preço-alvo em US$ 18 para os ADRs.
Por: Janize Colaço – Suno