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“Quando BC acordar, é provável que entre em pânico”, diz CIO do fundo Autonomy sobre juros no Brasil

(Bloomberg) – Robert Gibbins, fundador e diretor de investimentos do fundo de hedge Autonomy Capital, juntou-se a um coro de investidores e políticos que criticam a política monetária do Brasil.

A estratégia do Banco Central tem sido “contraproducente”, acrescentando outro obstáculo à produção “em uma economia com oferta já restrita”, disse Gibbings em resposta por e-mail a perguntas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, dificilmente terá um mandato bem-sucedido, a menos que o cenário fiscal seja direcionado para corrigir gastos públicos que são “altos e muito ineficazes”, disse ele.

“Em algum momento em breve, quando o Banco Central acordar para a bagunça, é provável que entre em pânico”, disse Gibbins sobre a autoridade monetária que, segundo ele, cortou demais os juros e depois compensou demais com aumentos da taxa.

“Isso não significa que o foco no fiscal esteja errado. Significa que mesmo que o fiscal não esteja bom, a política monetária ainda é ruim para a economia.”

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No início desta semana, Gibbins foi ao Twitter para criticar o banco central do país por criar uma “confusão de crédito”. O banco central se recusou a comentar as críticas.

O colapso da varejista Americanas (AMER3) em janeiro paralisou o mercado de crédito corporativo do Brasil, com várias vendas de títulos locais sendo adiadas e bancos domésticos revisando suas carteiras de empréstimos.

Empresas como a varejista Marisa (AMAR3) e a concessionária Light (LIGT3) contrataram consultores para reestruturar dívidas enquanto lutam com altos custos de empréstimos, uma economia morna e taxas de inadimplência crescentes.

As críticas do investidor, que foi prejudicado por algumas apostas inoportunas na América Latina nos últimos anos, ecoam as do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O chefe da economia chamou recentemente as taxas do País de exageradas e disse que o Banco Central não parece compreender totalmente a atual situação de crédito.

Os formuladores de políticas da maior economia da América Latina lideraram uma campanha agressiva de aperto monetário que elevou as taxas de juros para 13,75% ao ano, de uma mínima histórica de 2% ao ano, em menos de 18 meses para domar a inflação. Até agora, eles resistiram à crescente pressão para reduzir os juros – os mercados precificam cortes a partir de junho.

Gibbins, um ex-operador de renda fixa do Lehman Brothers, viu seu principal fundo de hedge macro registrar retornos decepcionantes nos últimos anos, depois que algumas apostas na América Latina fracassaram. Deixar de reconhecer a extensão das surpresas inflacionárias em meio ao aumento de gastos promovido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em 2021 contribuiu para a pior queda anual do fundo desde a crise financeira global de 2008.

Os ativos da Autonomy, com sede em Londres, atingiram um pico de cerca de US$ 6,3 bilhões em 2019 e caíram para US$ 1,5 bilhão no final de 2021, informou a Bloomberg na época. Gibbins não respondeu a perguntas sobre dados mais recentes de ativos sob gestão.

Analistas ouvidos pelo Banco Central no Relatório Focus, que é semenal, mantiveram inalteradas suas projeções de inflação para o ano que vem e os próximos, depois que o governo Lula apresentou uma proposta de regra fiscal altamente antecipada. O plano é visto como crucial para conquistar os investidores, preocupados com a saúde das finanças públicas do País – temores que ajudaram a alimentar as expectativas de inflação, que, por sua vez, mantiveram os custos dos empréstimos elevados.

No início desta semana, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o novo arcabouço fiscal proposto pela equipe econômica de Lula é “superpositivo” e afasta as preocupações de uma trajetória “desorganizada” da dívida do país. Embora reconheça que o Brasil enfrenta uma desaceleração nas operações de financiamento, Campos Neto disse que o País não está à beira de uma crise estrutural de crédito.

©2023 Bloomberg L.P.

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Por: Bloomberg – InfoMoney

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