O ministro da economia, Paulo Guedes, foi entrevistado pelo chairman e fundador do Grupo Suno, Tiago Reis, na manhã desta quinta-feira (27).
A entrevista com o ministro Paulo Guedes abordou temas como as dúvidas dos investidores, pautas gerais do mercado de capitais, crescimento econômico, privatizações, além do planejamento econômico para um eventual segundo mandato do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Confira abaixo os principais destaques da entrevista:
Prioridade deve ser Auxílio Brasil
Segundo o ministro, a prioridade número um do Governo é o Auxílio Brasil.
“A prioridade absoluta é a garantia do Auxílio Brasil. Mais que triplicamos o programa e queremos garantir esse programa. A primeira coisa que temos que fazer é a tributação de lucros e dividendos para financiar esse auxílio. Isso já estava na Reforma Tributária”, disse durante a entrevista.
O ministro acusou a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de querer “acabar com o Auxílio Brasil”. A campanha de Lula, no entanto, não pretende acabar com o programa, mas realizar mudanças e voltar ao nome anterior de “Bolsa Família”.
” Você está numa democracia em que as pessoas ficam inventando mentiras. Você tem que explicar para a sociedade que eles vão acabar com o Auxílio Brasil”.
Taxação de Lucros e Dividendos
Na ocasião, o ministro também classificou a não taxação de dividendos como algo que ‘não é socialmente justo’. A medida está no enfoque de ambas as campanhas presidenciais e, em alguma medida, assusta o mercado de capitais, dada a atratividade dos proventos de diversas empresas e também dos Fundo Imobiliários (FIIs). Alguns especialistas também consideram uma eventual alíquota como ‘bi tributação’.
“Os Lucros e dividendos não pagam impostos. São mais de R$ 300 bilhões por ano auferidos em lucros e dividendos e pagam zero. Isso não é socialmente justo. Não acho que seja”.
O ministro estimou que a arrecadação do novo tributo será de R$ 69 bilhões ao ano, sendo suficiente para bancar o programa do Auxílio Brasil.
“A primeira coisa que temos de fazer é a tributação de lucros e dividendos para financiar esse auxílio. Quando você cria o beneficio, tem de dizer de onde vem a fonte permanente. Queremos avançar também na reforma tributária”, disse.
Pipeline de investimentos no Brasil beira R$ 1 trilhão, diz Paulo Guedes
Segundo o ministro, o Governo Federal tem um pipeline de R$ 900 bilhões em investimentos diretos. “São grandes empresas, na maior parte brasileiras”, relatou.
As companhias pagaram um bônus de assinatura de R$ 170 bilhões, segundo Paulo Guedes.
“Como fizemos as reformas dos marcos regulatórios, eles estão em toda a parte. 5G, telecomunicações, energia renovável, saneamento, eletricidade, ferrovias, rodovias, privatizações de portos. Estão contratados, são compromissos. Não são ideias. Eles perde R$ 178 bilhões se não investir os R$ 900 bilhões”
‘Por mim, privatizava tudo’
Segundo o ministro Paulo Guedes, os entraves políticos são os únicos que impedem uma privatização generalizada de estatais.
“Houve preços manipulados no passado, houve desvio de recursos, são escândalos conhecidos. O Brasil estava com corrupção sistêmica. Era a velha política. Quando você consolidava, dava R$ 30 a R$ 40 bilhões de prejuízo. Agora dá um lucro de R$ 180 bilhões ao ano”, comentou.
“Tem que seguir e tem que privatizar. O Presidente sabe politicamente até onde tem que ir. O ministro da Fazenda [Paulo Guedes] tem sempre a mesma resposta: Privatizar todas. Vamos continuar privatizando. Mas obviamente, na política, não é o que acontece”, disse.
“Nós tivemos dificuldades, e tinha um acordo do antigo presidente com a esquerda de não passar privatizações. Vendemos subsidiárias, então. O Brasil é prisioneiro de um modelo obsoleto, com monopolizado no petróleo e na energia elétrica, com Petrobras (PETR4) e Eletrobras (ELET3)“, concluiu.
Crescimento de investidores é ‘caminho da prosperidade’, diz Paulo Guedes
Sobre a crescente de investidores na bolsa brasileira, o ministro disse que se trata “de um exemplo caro que estamos no caminho certo”
“Isso é o caminho da prosperidade. O que chamamos de penetração financeira. O capitalismo tá ganhando raízes profundas, para criar inovações, empregos, maiores salários. Riqueza e renda”, afirma.
“Agora as empresas não dependem do BNDES, fazem IPO. Com o crédito mudou também, antes 60% era dirigido, agora é só 40%. Vocês todos fazem um belíssimo trabalho de dar perspectiva de prosperidade. Os americanos fizeram esse aprofundamento de forma radical, passando 30 anos resistindo à competição com a Ásia, e a classe média americana tem ações. A bolsa subiu, e os americanos estavam enriquecendo apesar da evolução dos novos capitalistas”, concluiu Paulo Guedes.
Por: Eduardo Vargas – Suno