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O que esperar do Copom, após falta de arcabouço fiscal, crise bancária e condução monetária global?

O que esperar do Copom, após falta de arcabouço fiscal, crise bancária e condução monetária global?

Teve início hoje (21) a segunda reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC). O encontro desta terça-feira começou às 10h05, com pausa às 11h34 e retorno às discussões às 14h10, e irá definir a taxa básica de juros, a Selic.

Apesar de o cenário econômico brasileiro e mundial ter passado por algumas turbulências desde o último encontro, em fevereiro, as projeções de especialistas apontam para a quinta manutenção consecutiva da taxa básica de juros, aos 13,75% ao ano.

Isso porque, no Brasil, a questão fiscal ainda tem sido o principal vetor para a trajetória da taxa de juros. Até o momento, a equipe econômica finalizou a proposta do novo arcabouço fiscal e já foi enviado ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

A expectativa era de que o mandatário daria a palavra final sobre a âncora antes de sua viagem à China, nesta sexta-feira (24), mas hoje os planos foram adiados. Contudo, é importante lembrar que o arcabouço fiscal não é o único determinante nas decisões do BC.

Junto a isso, a inflação no Brasil segue pressionada. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado o indicador oficial da inflação, subiu 0,84% em fevereiro. No mês anterior, o avanço foi de 0,53%. Para este ano, a estimativa é de que a inflação feche aos 5,95%, conforme projeções do Boletim Focus

Já no cenário internacional, o Copom tem no radar o pico da inflação nos Estados Unidos e na Zona do Euro. Embora possa parecer que ela ficou para trás, continua em patamares elevados.

Sabendo desse cenário complexo em que o Copom precisará se debruçar, o Suno Notícias consultou 6 especialistas e as projeções foram unânimes quanto a expectativa de manutenção da taxa Selic nos atuais 13,75% ao ano.

2º Copom do ano, 5ª manutenção da Selic

Segundo Gustavo Sung, economista-chefe do Suno Research, diante dos episódios recentes, internacionais e domésticos, o Copom deverá esperar, pelo menos até a reunião de hoje e amanhã, para entender os reais impactos sobre a economia brasileira.

A decisão sobre os juros será feita reunião a reunião, a fim de não tomar qualquer decisão precipitada.

Sung acredita que o processo de cortes na taxa Selic pelo Copom ocorrerão quando o BC tiver certeza de que a inflação está em trajetória estável e em direção à meta. “Com as expectativas ancoradas e sem grandes choques, que o façam mudar a rota no meio do caminho”, pontua.

A Associação Brasileira de Bancos (ABB) também projeta a manutenção da Selic nos atuais 13,75%. Para Everton Gonçalves, Superintendente da Assessoria Econômica da entidade, da última reunião do Copom para cá, não houve alterações significativas no balanço de riscos, mantendo as expectativas estáveis.

Segundo ele, a grande mudança no cenário se refere aos receios da formação de uma crise financeira que aumentou o grau de imprevisibilidade para a tomada de decisão dos agentes econômicos.

“Embora esse quadro possa levar a uma desinflação mais rápida e uma queda mais intensa na atividade econômica internacional, uma valorização do dólar no mercado internacional terá impacto na taxa de câmbio das moedas de países emergentes”, conclui Gonçalves.

Mas e o tom do comunicado?

Segundo André Meirelles, diretor de Alocação e Distribuição na InvestSmart XP, o comunicado do Copom irá embutir o risco decorrente da instabilidade no sistema financeiro internacional, já que as perspectivas sobre o novo arcabouço fiscal ainda são desconhecidas.

“Além disso, o comunicado deve discorrer sobre a ancoragem nas expectativas de inflação, uma vez que no último Boletim Focus, divulgado ontem, projetou para a inflação para 2026 um salto de 20 pontos-base (pb), quando comparada há uma semana atrás”, diz Meirelles.

A mesma linha é seguida por Claudio Ferraz, Bruno Balassiano e Bruno Martins, analistas do BTG Pactual (BPAC11). Segundo eles, o tom do comunicado do Copom irá considerar os seguintes pontos:

  • (i) os resultados qualitativos da inflação corrente;
  • (ii) a deterioração das expectativas de inflação, mesmo para horizontes mais longos;
  • (iii) um mercado de trabalho ainda apertado;
  • (iv) alta incerteza fiscal.

“Caso a convergência da inflação se materialize mais rapidamente, como resultado de uma atividade econômica mais fraca devido aos mercados de crédito mais apertados, vinculados a questões domésticas ou a um cenário internacional pior, no qual os riscos à estabilidade financeira assumem repentinamente o centro das atenções, um processo de flexibilização pode ser implementado no segundo semestre”, afirmam.

Contudo, os analistas do BTG pontuam que, para isso, o cenário precisaria ser auxiliado por uma redução na percepção de risco fiscal e contenção das expectativas de inflação.

Quando a Selic vai cair?

E não é apenas o BTG Pactual que projeta o corte da Selic no segundo semestre. Para Rafael De La Fuente e a equipes de analistas do UBS BB, o Copom manterá taxa básica de juros inalterada até o final do terceiro trimestre de 2023.

“Então começará o corte em um ritmo de 50 pb, terminando o ano com a Selic em 12,25%, e em 2024, aos 9,5%”, projetam os analistas da casa.

Gustavo Sung, economista-chefe do Suno Research, também aponta para o corte na taxa de juros no segundo semestre, mais especificamente em agosto.

“Analistas de mercado começam a precificar quedas em maio ou junho, mas acreditamos que a tramitação da nova âncora fiscal no Congresso não deverá ser tão rápida, o que retarda qualquer corte”, justifica.

Também prevendo cortes na Selic a partir de agosto, os analistas do Goldman Sachs afirmam que ficarão atentos à declaração de política pós-reunião do Copom, com as previsões para o final de 2024 em relação à meta de 3% de inflação.

Uma vez que a meta do ano que vem tem mais peso na função de reação do BC do que as projeções para final de 2023.

Alberto Ramos e a equipe de analistas do Goldman frisam que as projeções e o balanço geral dos riscos para a inflação serão fundamentais para calibrar a trajetória da taxa Selic, “em particular o timing e o espaço para flexibilização em 2023 e 2024”.

Focus mantém expectativa alta

Na véspera da segunda reunião do Copom no ano, o Boletim Focus mostrou que as expectativas para a Selic seguem elevadas, estimando juros de 12,75% neste ano e de 10% no ano que vem. Até então, era consenso que o ano de 2024 não teria juros de dois dígitos, dadas as projeções na casa dos 9% nas semanas anteriores.

Veja, em detalhes, as projeções mais importantes para 2023 e 2024:

2023

  • IPCA: a projeção caiu para 5,95%
  • PIB: a projeção caiu para 0,88%
  • Dólar: a previsão do câmbio segue em R$ 5,25
  • Taxa Selic: a previsão aumentou para 12,75%
  • Balança Comercial: a expectativa para o superávit caiu para US$ 55 bilhões
  • Investimento Estrangeiro Direto: a previsão segue em US$ 80 bilhões
  • Dívida do Setor Públicoa previsão caiu para 60,90% PIB

2024

  • IPCA: a projeção aumentou para 4,11%
  • PIB: a projeção caiu para 1,47%
  • Dólar: a previsão do câmbio caiu para R$ 5,30
  • Taxa Selic: a previsão segue em 10%
  • Balança Comercial: a expectativa para o superávit caiu para US$ 54,80 bilhões
  • Investimento Estrangeiro Direto: a previsão segue em US$ 80 bilhões
  • Dívida do Setor Público: a previsão subiu para 64,5% PIB

Vale lembrar que comunicado oficial sobre a decisão do Copom sobre a Selic será divulgado ao mercado amanhã (22), no fechamento do mercado.



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Por: Janize Colaço – Suno

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