O Itaú elevou suas projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 2022 de 2,2% para 2,5% em relatório desta segunda-feira (12). As projeções são mais otimistas, mas o banco faz alerta sobre a sustentabilidade fiscal das contas do governo.
O Relatório Macro Research, assinado pelo economista-chefe Mário Mesquita, comenta que o crescimento robusto das contas nacionais no primeiro semestre e o início do acompanhamento do terceiro trimestre do ano levou à revisão para cima das projeções.
A estimativa para 2023 também melhorou, para 0,5%, ante previsão anterior de alta de 0,2%.
O economista-chefe do Itaú ressalta, no entanto, que a sustentabilidade fiscal continua a ser um grande desafio. “A principal preocupação não envolve os números fiscais de 2022, mas o caminho que aparentemente estava traçado para o futuro. O próximo governo deve decidir sobre a continuidade dos incentivos fiscais e auxílios sociais implementados recentemente, além do quadro fiscal que estará em vigor daqui para frente para uma economia de mercado emergente com alta dívida pública e altas taxas de juros”, afirma no relatório.
O Itaú prevê um superávit primário de 1,0% do PIB em 2022 (ante projeção de +0,3% anteriormente) e déficit de 1,5% em 2023 (ante déficit de 2,0%), com a dívida bruta atingindo 78% do PIB neste ano e 82% no próximo ano.
A projeção para o câmbio foi mantida em R$ 5,25 por dólar em 2022 e R$ 5,50 por dólar em 2023. “Isso porque vemos espaço limitado para valorização cambial, dado o dólar forte no ambiente global e possíveis flutuações nos prêmios de risco local”, afirma Mesquita.
A projeção para o IPCA de 2022 foi reduzida de 7,0% para 6,0%, ainda com possibilidade de queda maior, diz o Itaú. Para 2023, foi mantida a projeção de inflação de 5,3%. “A menor inércia contribui para riscos de alta mais brandos, mas a desinflação nos núcleos de inflação ainda será lenta, especialmente diante da persistência da dinâmica dos preços dos serviços”.
Pra o Itaú, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) deve encerrar o ciclo de aperto com a taxa básica de juros nos atuais 13,75% anuais, embora reafirmando sua postura vigilante. Para o próximo ano, são previstas cortes apenas no segundo semestre, com a Selic caindo para 11,00% anuais.
Projeção global
No cenário macroeconômico global, o Itaú enxerga que a desaceleração da demanda – além dos preços das commodities mais contidos que no passado recente – permitirão que a inflação global de bens caia. Mas um choque adicional de fornecimento de gás na Europa (por conta das ameaças vindas da Rússia) e os preços dos serviços ainda resilientes nos Estados Unidos vão exigir que os bancos centrais aumentem suas taxas de juros para níveis mais restritivos.
Nos EUA, a projeção de crescimento do PIB foi mantida em 1,6% em 2023 e em 0,8% para 2023.
Pra a Europa, a menor oferta de gás pela Rússia deve continuar a atrapalhar o a atividade econômica. Embora a projeção do Itaú para o PIB europeu tenha sido mantida em alta de 2,8% neste ano, a estimativa para 2023 piorou, de uma queda de 0,5% anteriormente para -0,8%. Isso deve pressionar ainda mais a já alta inflação na região. Com isso, a projeção é que o BCE (o Banco Central europeu) aumente a taxa de juros para 2,0% (ante projeção de 1,0% anteriormente).
Para a China, a estimativa de crescimento do PIB também foi revisada para baixo: para 3,0% neste ano (ante 3,2%) e 4,9% para 2023 (ante 5,0%).
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Por: Equipe InfoMoney – InfoMoney