A “PEC do Guedes”, proposta de arcabouço fiscal deixada pelo atual governo e que pode vir a ser apreciada pelo Congresso, contribuiu para descompressão da curva de juros na sessão, favorecendo o apetite por ações de consumo nesta quarta-feira, 28, na B3. Assim, com poucas exceções negativas entre os componentes do Ibovespa, o índice de referência da Bolsa recuperou e manteve o nível de 110 mil pontos, não visto em fechamento desde o último dia 6. Em alta de 1,53%, aos 110.236,71 pontos, foi o maior nível de encerramento desde 2 de dezembro, então aos 111.923,93 pontos.
No mês, o Ibovespa limita a perda a 2,00%, após ter iniciado a segunda quinzena de dezembro, no fechamento do dia 16, com retração acumulada de 8,5%. Na semana, com o desempenho de hoje, o índice vira do negativo ao positivo, com leve ganho de 0,49% no intervalo.
Em 2022, sobe 5,17%. Fraco, o giro ficou em R$ 18,8 bilhões na sessão, em que o Ibovespa oscilou entre 108.578,38, mínima correspondente à abertura, e máxima de 110.535,56, maior nível intradia desde 6 de dezembro.
Perspectiva sobre a sessão desta quarta-feira
“O dia foi negativo para os principais ativos de risco no exterior, com muitas bolsas em baixa e com liquidez ainda reduzida. Há flexibilização de restrições na China, da política de Covid-zero, mas permanece muita incerteza com relação ao aumento das infecções por lá. Isso claramente se coloca como um ponto de cautela para o cenário externo”, diz Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas, ao Estadão.
“No Brasil, ajudou a notícia, pela manhã, de que o Congresso pode usar uma proposta da equipe do Paulo Guedes para discutir uma nova regra fiscal no próximo ano. O que poderia ajudar a fomentar as discussões fiscais para o ano que vem, reduzindo a margem de manobra do (presidente eleito) Lula, se o Centrão for, de fato, por esse caminho”, acrescenta o economista. “Claramente, nada muito certo por enquanto. Com certeza, mais discussões acontecerão, mas hoje ajudou o desempenho dos ativos.”
Na B3, destaque nesta quarta-feira para o índice de consumo (ICON), em alta de 2,46% na sessão, bem superior à de materiais básicos (IMAT +0,52%), que havia sido o ponto forte de ontem. As ações do setor financeiro também foram bem nesta quarta-feira, com ganhos de 1,79%.
“O mercado foi liderado hoje por empresas com maior sensibilidade à taxa de juros, as de consumo cíclico e ligadas à economia doméstica, entre as quais as de comércio eletrônico e as de construção civil. O que tem a ver com fechamento dos juros futuros, que ajuda essas empresas, de ‘driver’ interno, na medida em que melhora a perspectiva fiscal e a dinâmica também para o PIB”, diz Luiz Adriano Martinez, sócio e gestor de renda variável da Kilima Asset, ao Estadão.
“O encerramento das desonerações fiscais sobre os combustíveis, num entendimento consensual entre Haddad e Guedes, é algo positivo para 2023 com relação aos cofres públicos, uma recuperação de receita no momento em que se discute equilíbrio fiscal”, diz Charo Alves, especialista da Valor Investimentos, ao Estadão, referindo-se a outro desdobramento favorável em Brasília, de ontem para hoje.
Maiores altas do Ibovespa nesta quarta
- BRF (BRFS3): 7,93%
- Natura (NTCO3): 7,21%
- IRB Brasil (IRBR3): 6,82%
- Magazine Luiza (MGLU3): 6,75%
- Americanas (AMER3): 6,11%
Maiores baixas do Ibovespa nesta quarta
- Petrobras (PETR4): -1,23%
- Gerdau Metalúrgica (GOAU4): -0,91%
- Carrefour (CRFB3): -0,72%
- Petrobras (PETR3): -0,55%
- Gerdau (GGBR4): -0,43%
No pregão desta quarta-feira, somente seis ações registraram queda. Além destas cinco, os ativos da Vale (VALE3) recuaram 0,22%.
O analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, Rodrigo Cohen, comenta que não há um motivo aparente para a queda, tanto da Vale quanto Petrobras, que não seja relacionado às commodites no dia de hoje. Ambas as empresas estão entre as principais do Ibovespa.
Com Estadão Conteúdo
Por: Redação Suno Notícias – Suno