O Ibovespa hoje encerrou o pregão desta quinta-feira (23) em queda de 1,45% aos 98.080,34 pontos, após oscilar entre 97.775,07 e 100.231,96 pontos. Este é o menor nível do índice desde 4 de novembro de 2020, com volume financeiro foi de R$ 24,6 bilhões, abaixo da média. Na semana, cai 1,75%, colocando as perdas do mês a 11,92% e as do ano a 6,43%.
Na contramão da retomada em Nova York, o Ibovespa estendeu a série negativa pelo terceiro dia, alongando a sequência abaixo dos 100 mil pontos pela quinta sessão, um degrau a mais afastado da linha dos seis dígitos, agora aos 98 mil pontos.
A persistente incerteza sobre o que o governo fará em relação à pressão dos combustíveis sobre a inflação, e o custo fiscal decorrente de eventual atuação sobre os preços, seja de forma direta ou por concessão de benefícios, mantém o apetite por risco contido na B3, no momento em que o câmbio reflete não apenas o avanço dos juros no exterior, mas também as dúvidas sobre a trajetória local para as contas públicas.
Apesar da recuperação vista em Nova York, os dados de atividade no exterior, como os PMIs preliminares de junho divulgados hoje na Europa, têm reforçado a cautela dos investidores, em meio à expectativa para a elevação dos custos de crédito mesmo em áreas onde há muito a política monetária permanecia afrouxada, como a zona do euro.
“O Banco Central Europeu iniciará no próximo mês o aperto monetário (que já começou para o Banco da Inglaterra), o que, combinado aos PMIs fracos desta quinta-feira, deixou as bolsas europeias em terreno negativo na sessão”, observa Dennis Esteves, especialista em renda variável da Blue3.
Além disso, “os PMIs dos Estados Unidos para junho trouxeram mais uma surpresa negativa, tanto no de manufatura como no de serviços, ambos muito ruins, em mínimas de dois anos. Acendem sinal amarelo de recessão. Na Europa, os PMIs estão em mínimas de mais de um ano, o que completa o quadro de desaceleração global e possível recessão”, diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.
Aqui, a elevação do “voucher” em estudo para os caminhoneiros, de R$ 400 para R$ 1.000, tem causado apreensão no mercado porque “mexeria muito no fiscal”, observa Esteves, da Blue3.
“O ambiente permanece bem negativo para o mercado depois da última semana, que já havia sido muito ruim. O cenário internacional também ficou mais negativo, não temos conseguido nos desvencilhar desde que o Federal Reserve tem se mostrado mais empenhado em promover altas expressivas nos juros. Há receio em torno de uma recessão a caminho nos Estados Unidos. O cenário global está pesado, o que deixa o Ibovespa preso, mesmo com os descontos”, diz Wagner Varejão, especialista da Valor Investimentos.
Bolsas de Nova York
O mercado acionário de Nova York registrou ganhos, nesta quinta-feira, 23, após mostrar certa volatilidade e chegar a exibir sinal misto em parte do dia. A possibilidade de contração econômica nos Estados Unidos seguia em foco, mas isso também poderia levar a ajustas no aperto da política monetária pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), ponderam alguns analistas. Nesse quadro, houve espaço para ganhos entre várias ações, com melhora mais para o fim do pregão.
- Dow Jones teve alta de 0,64%, em 30.677,36 pontos;
- S&P 500 avançou 0,95%, a 3.795,73 pontos;
- Nasdaq subiu 1,62%, a 11.232,19 pontos.
O dólar à vista fechou em alta de 1,02%, a R$ 5,2298, depois de oscilar entre R$ 5,1670 e R$ 5,2355.
Os contratos futuros de petróleo fecharam em baixa nesta quinta-feira. Indicadores modestos da economia dos Estados Unidos reforçaram temores de problemas na demanda adiante, com vários analistas considerando os riscos de recessão no horizonte.
O contrato do WTI para agosto fechou em queda de 1,80% (US$ 1,92), a US$ 104,27 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para o mesmo mês recuou 1,51% (US$ 1,69), a US$ 110,05 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
O contrato futuro de ouro mais líquido fechou em baixa nesta quinta, após o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, e outros dirigentes indicarem que novos aumentos serão necessários para conter a escalada da inflação nos Estados Unidos.
Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o cobre para agosto encerrou a sessão em baixa de 0,47%, a US$ 1.829,80 a onça-troy.
No Ibovespa hoje, o setor das empresas atreladas às commodities foi o destaque negativo da sessão. Acompanhando a queda do petróleo, Petrobras (PETR3, PETR4) perdeu 2,12% e 1,85%, respectivamente.
Mais: Ultrapar (UGPA3) desvalorizou 4,05%, PetroRio (PRIO3) caiu 3,76% e 3R Petroleum (RRRP3), -3,44%. Na lista das maiores quedas do dia também estavam Usiminas (USIM5), com baixa de 3,65%, e Vale (VALE3), que cedeu 3,65%, mesmo com a forte alta do minério de ferro, reagindo à perspectiva de recessão global.
No setor bancário do índice, Bradesco (BBDC3, BBDC4) perdeu 2,41% e 2,64%, respectivamente, Itaú (ITUB4) caiu 2,29%, Santander (SANB11) desvalorizou 2,25% e Banco do Brasil (BBAS3) teve queda de 0,64%.
A maior desvalorização do pregão foi de SLC Agrícola (SLCE3), com -6,67%, seguido por Qualicorp (QUAL3), com -4,32%.
A sessão foi favorável para o segmento de frigoríficos, que se destacaram entre as maiores altas, com BRF (BRFS3) avançando 7,80%, Marfrig (MRFG3) ganhando 3% e Minerva (BEEF3), com +2,88%.
A liderança do ranking das maiores altas do dia ficou com Locaweb (LWSA3), que subiu 9,01%.
Maiores altas do Ibovespa:
- Locaweb (LWSA3): +9,01% // R$ 6,05
- BRF (BRFS3): +7,80% // R$ 14,09
- Petz (PETZ3): +6,26% // R$ 11,38
- Magazine Luiza (MGLU3): +4,51% // R$ 2,55
- Americanas (AMER3): +4,42% // R$ 13,93
Maiores baixas do Ibovespa:
- SLC Agrícola (SCLE3): -6,67% // R$ 45,59
- Qualicorp (QUAL3): -4,32% // R$ 13,51
- Ultrapar (UGPA3): -4,05% // R$ 12,07
- Usiminas (USIM5): -3,65% // R$ 8,71
- PetroRio (PRIO3): -3,76% // R$ 20,47
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- Oi (OIBR3): Cade aprova empresa que vai monitorar venda de ativos móveis
- Banco Inter (INBR31) estreia ações na Nasdaq após saída da B3
Oi (OIBR3): Cade aprova empresa que vai monitorar venda de ativos móveis
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou um trustee que vai monitorar o cumprimento dos remédios assumidos por TIM (TIMS3), Vivo (VIVT3) e Claro na compra dos ativos móveis da Oi (OIBR3).
O Cade decidiu não divulgar o nome do trustee, que será uma empresa indicada pelas operadoras. A indicação foi aceita e a empresa foi aprovada pela Superintendência-Geral e pela procuradoria especializada junto ao Cade. O órgão antitruste considerou que a companhia é independente das partes interessadas como Claro, Vivo, Tim, Oi e possui uma reputação reconhecida no mercado.
O trustee de remédio para a venda de ativos da Oi deve preencher os seguintes requisitos:
- possuir independência em relação às compradoras;
- ter reconhecida reputação no mercado;
- apresentar declaração de ausência de conflito de interesses;
- possuir as qualificações técnicas necessárias para o exercício de seu mandato;
- ter ampla experiência no setor de telecomunicações e sobretudo, conhecimentos técnico-operacionais no mercado.
O plano de trabalho foi apresentado pelo trustee com a descrição das atividades e prazo para cumprimento de cada item do Acordo em Controle de Concentração (ACC), os remédios adotados.
Este plano inclui o monitoramento de entrega dos produtos, do desinvestimento de Estação Rádio Base (ERBs), da oferta de referência de produto de atacado (ORPA) de roaming e da ORPA de operadora de rede móvel virtual (MVNO).
“Verifica-se que a empresa indica para desempenhar as funções do trustee de monitoramento do cumprimento do ACC possui equipe técnica especializada em telecomunicações, com experiência comprovada em projetos técnico regulatórios, passando por desafios operacionais, táticos e estratégicos das operadoras de Telecom, com conhecimento das obrigações regulatórias econômico-financeiras, gestão de projetos de estratégia regulatória, que inclui uma base de conhecimento local”, informou o documento do Cade.
“Além disso, a empresa atende clientes há pelo menos 20 anos no setor e possui mais de 200 profissionais, como engenheiros, advogados, administradores, economistas, contadores entre outros, especializados e dedicados a esse setor”, concluiu o texto.
É válido lembrar que a venda dos ativos móveis da Oi aconteceu em um leilão no ano passado e as operadoras arremataram o ativo pelo valor de R$ 16,5 bilhões.
Banco Inter (INBR31) estreia ações na Nasdaq após saída da B3
Após deixar a B3 (B3SA3), as ações do Banco Inter (INBR31) estreiam nos Estados Unidos nesta quinta-feira (23).
Os papéis do Banco Inter são listados como INTR na Nasdaq. Também nesta quinta-feira, haverá a entrega das ações Classe A da Inter&Co para os acionistas que solicitaram a ‘conversão’ dos BDRs.
Os BDRs do Banco Inter, por sua vez, estão disponíveis desde a segunda (20), conforme reportado pelo Suno Notícias. Os BDRs fecharam em alta de 1,92%, a R$ 21,20 no dia, mas, desde a estreia, caem 7,6%. Nesta quinta, às 12h30, caem 1,44%, negociadas a R$ 19,20.
A migração para a Nasdaq faz parte da reorganização societária, aprovada nas últimas semanas em assembleia.
Para cada seis ações preferenciais do Inter ou seis ordinárias, o acionista recebeu um BDR. Para cada duas units, também foi entregue um BDR.
Lembrando que, quem não escolheu se queria o dinheiro (opção de cash-out) ou o BDR, acabou por receber o BDR do Inter – e teve até ontem às 13h para pedir a conversão do ativo em uma ação dos EUA.
Conforme estabelecido nos documentos arquivados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o acionista pôde escolher entre ‘sacar’ o dinheiro que era das suas ações e receber BDRs para substituir os papéis que detinha e, agora, foram deslistados para a migração para a Nasdaq.
Vale lembrar que, para a conversão dos BDRs, o acionista deve ter uma conta válida junto a uma corretora de valores nos Estados Unidos para poder destinar as ações que serão ‘trocadas’ pelos BDRs.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: -1,45%
- IFIX hoje: -0,21%
- IBRX hoje: -1,53%
- SMLL hoje: +0,33%
- IDIV hoje: -1,38%
Cotação do Ibovespa nesta quarta (22)
O Ibovespa fechou o pregão da última quarta-feira (22) em queda de 0,16%, aos 99.522,32 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)
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Por: Victória Anhesini – Suno