Ibovespa cai e acumula perdas de 11,50% em junho, pior queda mensal desde março de 2020

Ibovespa hoje. Foto: Pixabay
Ibovespa hoje. Foto: Pixabay

Ibovespa hoje fechou esta quinta-feira (30) em queda de 1,08% aos 98.541,95 pontos, após oscilar entre 97.758,43 e 99.619,06 pontos. No mês, o índice recua 11,50%. Na semana, cede 0,13% e, no primeiro semestre, teve queda de 5,99%. O volume financeiro do dia foi de R$ 27,5 bilhões.

Com temores fiscais domésticos acrescidos à incerteza sobre o grau de desaceleração global em meio ao ciclo de aperto monetário (especialmente nos Estados Unidos), o índice teve o pior mês de junho desde 2002 (-13,39%). É também o pior mês da Bolsa desde março de 2020, quando tombou 29,9% no início da pandemia.

O índice acumulou perda de 17,88% no segundo trimestre de 2022, o correspondente a 21.457,28 pontos – em 31 de março, antes da correção que viria no mês seguinte, o Ibovespa estava virtualmente aos 120 mil pontos (119.999,23 naquele fechamento).

Assim, o trimestre que ora chega ao fim foi o pior desde a queda de 36,86% no intervalo entre janeiro e março de 2020, no começo da pandemia, a mais profunda retração de que se tem registro na Bolsa brasileira, quando superou mesmo declínios bem agudos vistos nas grandes crises de 2008, 1998 e 1995.

A cautela interna com relação à perspectiva fiscal do país se impôs no momento em que o cenário externo se mostra também atribulado pela correção das políticas monetárias em grandes economias, como as de Estados Unidos e zona do euro, por dúvidas sobre a retomada na China e pelo prolongado conflito no leste europeu.

A combinação de incertezas, principalmente as relacionadas à economia chinesa e ao conflito na Ucrânia, tem acentuado a volatilidade das commodities, com efeito direto sobre o Ibovespa.

“Muita coisa ruim já foi colocada no preço da Bolsa com relação ao fiscal e, partindo do nível que se tem hoje, é provável que o segundo semestre seja melhor. O mercado está ajustado a crescimento em declínio e juros em alta, com o ciclo atual de elevação da taxa do Fed mais rápido do que o visto em outras ocasiões. Resta saber qual será a taxa de juros neutra nos Estados Unidos, isso permanece em aberto”, diz Rodrigo Santin, CIO da Legend. “Daqui para frente, o calendário tende a jogar a favor, na medida em que muito absurdo fiscal já foi cometido, muita coisa já foi para o preço e o balanço de riscos começa a se equilibrar”, acrescenta.

Santin chama atenção para os sinais de que tanto o presidente Jair Bolsonaro como o rival Luiz Inácio Lula da Silva estão agora “no mesmo balaio” com relação a gastos públicos e a compromisso com responsabilidade fiscal.

Ele observa também que, com juros mais altos e tendendo a permanecer assim por tempo prolongado, a “seletividade” na escolha de ações passa a ser fundamental, ante o poder de atração da renda fixa. “Quando os juros estão baixos e as empresas são boas, compra-se até com múltiplos muito altos.”

“Estamos em um mercado de baixa tanto para S&P 500 como Ibovespa, ao final de um semestre difícil. Até a metade do semestre, ninguém esperava que o Federal Reserve acelerasse a alta de juros, passando de 0,25 ponto para 0,75 ponto porcentual (no ritmo de elevação), mas a inflação americana surpreendeu para cima e o BC dos Estados Unidos mudou a estratégia. Até então os mercados tinham uma visão mais benigna para a trajetória dos juros”, observa Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, acrescentando que o Ibovespa chegou a subir mais de 20% em dólar no ano, no primeiro trimestre, sendo destaque de alta no mundo.

Bolsas de Nova York

Os mercados acionários de Nova York fecharam em queda, nesta quinta, com investidores novamente atentos aos riscos de recessão mais adiante. Em meio a indicadores dos Estados Unidos, o setor de energia foi mais penalizado entre as ações, em jornada de perdas para o petróleo. No fechamento do primeiro semestre, o quadro negativo ficou evidente: o S&P 500 registrou o pior semestre desde 1970.

  • Dow Jones teve queda de 0,82%, em 30.775,43 pontos;
  • S&P 500 caiu 0,88%, a 3.785,38 pontos;
  • Nasdaq recuou 1,33%, a 11.028,74 pontos.

No semestre, o Dow Jones caiu 15,31%, o S&P 500 recuou 20,58% e o Nasdaq, 29,51%.

dólar à vista fechou em alta de 0,80%, a R$ 5,2348, depois de oscilar entre R$ 5,1880 e R$ 5,271. Moeda acumula alta de 10,15% em junho; no semestre, cai 6,12%.

Os contratos futuros do petróleo fecharam em baixa nesta quinta-feira, enquanto operadores acompanharam a decisão da Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) de manter o atual plano de oferta. Movimentações do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também estão no radar e investidores poderam o possível aumento na oferta da commodity.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega prevista para agosto caiu 3,66% (US$ 4,02), a US$ 105,76, enquanto o do Brent para o mês seguinte recuou 3,04% (US$ 3,42), a US$ 109,03, na Intercontinental Exchange (ICE).

O contrato mais líquido do ouro fechou em baixa nesta quinta, limitado pelo fortalecimento do dólar ante rivais. As sinalizações hawkish pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) também estão no radar.

Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro para agosto encerrou a sessão com baixa de 0,56%, a US$ 1.807,30 a onça-troy.

No Ibovespa hoje, as ações atreladas às commodities despencaram com o receio de recessão global. CSN (CSNA3) caiu 6,42%, CSN Mineração (CMIN3) perdeu 6,31% e Usiminas (USIM5) registrou baixa de 4%, acompanhando o recuo do minério de ferro. Vale (VALE3) também seguiu o movimento, com -2,83%

O petróleo também caiu no dia, e Petrobras (PETR3, PETR4) acompanhou, com baixa de 1,10% e 0,53%, respectivamente e PetroRio (PRIO3) desvalorizou 2,14%.

Quem liderou o ranking das maiores quedas do dia foi Via (VIIA3), com -8,13%.

Entre os grandes bancos, Itaú (ITUB4) caiu 1,78%, Bradesco (BBDC3, BBDC4) recuou 2,31% e 2,27%, respectivamente, Santander (SANB11) cedeu 1,71%. Na contramão, Banco do Brasil (BBAS3) subiu 0,91%.

Na outra ponta do Ibovespa, o destaque foi Fleury (FLRY3), com alta de 16,30%, que disparou após anunciar a fusão com Hermes Pardini (PARD3) — que subiu 18,99%, que não integra o índice.

A lista de altas do Ibovespa trouxe ainda Hapvida (HAPV3), com ganhos de 3,80%, Telefônica (VIVT3) com valorização de 3,07%, MRV (MRVE3), que subiu 2,90% e Tim (TIMS3), com +2,08%.

Fora do Ibovespa, chamou atenção o tombo de TC (TRAD3), a -27,09%, que reagiu a rumores sobre uma investigação da CVM por manipulação das ações. A empresa negou que esteja sob investigação.

Maiores altas do Ibovespa:

Maiores baixas do Ibovespa:

Outras notícias que movimentaram o Ibovespa

  • Fleury (FLRY3) e Hermes Pardini (PARD3) anunciam fusão e ações disparam
  • Suzano (SUZB3) anuncia construção de fábrica em Aracruz (ES), com investimento de R$ 600 milhões

Fleury (FLRY3) e Hermes Pardini (PARD3) anunciam fusão e ações disparam

Fleury (FLRY3) e a Hermes Pardini (PARD3) anunciaram ao mercado e aos seus acionistas que foi acertado uma reorganização societária, através da combinação dos negócios e das bases acionárias das empresas.

fusão entre Fleury e Hermes Pardini criará um grupo que representaria 16% do mercado. Com a combianção de negócios entre as companhias, o acionista do Pardini vai receber 1,21 ação ordinária da Fleury mais cerca de R$ 2,15 por cota que possui.

O incremento de Ebtida anual estimado com a combinação de negócios e a fusão de Fleury e de Hermes Pardini é de R$160 milhões a R$190 milhões.

O documento aponta que essa fusão das companhias “representa uma excelente oportunidade de criação de valor, que poderá resultar em significativos ganhos aos seus acionistas. Esses ganhos poderiam vir através de aumento da competitividade de ambas empresas no setor de saúde e medicina diagnóstica, obtendo assim uma estrutura de capital robusta. Além disso, elas esperam maior ‘crescimento orgânico e inorgânico’.”

A marca “Hermes Pardini” será mantida por pelo menos 10 anos, contados da efetiva consumação da combinação de negócios, em todas as unidades em que ela é atualmente utilizada, segundo as empresas.

O acordo também prevê a expansão da marca em novas unidades que venham a ser criadas por meio do seu crescimento.

A fusão entre Hermes Pardini e a Fleury era comentada no mercado financeiro desde 2019, quando o Bradesco BBI citava a possibilidade de combinação de negócios e falava em sinergias de R$ 1,4 bilhão, na época.

Suzano (SUZB3) anuncia construção de fábrica em Aracruz (ES), com investimento de R$ 600 milhões

Suzano (SUZB3) anunciou nesta quinta-feira (30) a intenção de construir uma fábrica de papel Tissue e conversão em papel higiênico e papel toalha no município de Aracruz (ES), com capacidade de 60 mil toneladas por ano.

A implementação da nova fábrica da Suzano ainda deve passar pela aprovação do Conselho de Administração, bem como pela efetivação dos contratos com os respectivos fornecedores.

Para a realização do empreendimento, a empresa estima um investimento de R$ 600 milhões e um período de implantação de aproximadamente dois anos da data de aprovação.

Esse investimento em Aracruz será feito pela empresa por meio da utilização do saldo de créditos de ICMS que ela possui no estado, com apresentação de projeto específico e autorização das autoridades competentes.

“A Suzano pretende realizar o investimento utilizando o saldo de créditos de ICMS que possui no estado, o que dependerá de apresentação de projeto específico e autorização das autoridades competentes”, informa a empresa em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

“A construção da nova fábrica em Aracruz está alinhada à estratégia da Suzano de avançar nos elos da cadeia, sempre com vantagem competitiva, como no crescente mercado brasileiro de produtos sanitários”, afirma Marcelo Feriozzi Bacci, Diretor Executivo de Finanças e de Relações com Investidores, em comunicado ao mercado.

A efetiva implementação da nova fábrica está sujeita à aprovação dos órgãos internos da companhia, inclusive do Conselho de Administração, bem como da efetivação dos contratos com os respectivos fornecedores.

Desempenho dos principais índices

Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:

  • Ibovespa hoje: -1,08%
  • IFIX hoje: +0,12%
  • IBRX hoje: -1,16%
  • SMLL hoje: -1,37%
  • IDIV hoje: -0,66%

Cotação do Ibovespa nesta quarta (29)

Ibovespa fechou o pregão da última quarta-feira (29) em queda de 0,96% aos 99.621,58 pontos.

(Com informações do Estadão Conteúdo)

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Por: Victória Anhesini – Suno

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