Dólar sobe 10,15% em junho, maior alta mensal desde março de 2020

Dólar em alta no mês de junho: maior avanço desde o começo da pandemia, em 2020. Foto: Pixabay
Nota de dólar. Foto: Pixabay

Foi a maior valorização do dólar em um mês desde março de 2020, no dia em que o Ibovespa também anotou sua pior perda mensal desde o início da pandemia.  Após esboçar uma queda pontual ao longo da tarde, o dólar se firmou em terreno positivo na última hora de negócios e encerrou o pregão desta quinta-feira (30), o último de junho, em alta de 0,80%, cotado a R$ 5,2348. Apesar de ter terminado a semana em leve baixa, de 0,34%, a divisa encerrou o mês com valorização de 10,15% – o maior avanço mensal desde março de 2020, quando anotou 16,03%. Embora tenha permanecido com sinal positivo na maior parte do dia, o dólar oscilou quase dez centavos entre a máxima (R$ 5,2710) e a mínima (R$ 5,1880) – o que sinaliza o mercado ainda em busca de um novo parâmetro para a taxa de câmbio.

Lá fora, o dia foi marcado por aversão ao risco, em meio a temores de recessão global na esteira do aperto monetário em países desenvolvidos para combate à inflação. Investidores abandonaram bolsas e commodities e correram para se abrigar nos Treasuries, cujas taxas tombaram.

A T-note de 10 anos, principal ativo do mundo, chegou a furar o piso de 3%. O índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes – trabalhou em queda firme, ao redor dos 104,700 pontos, com perdas maiores ante o euro e o iene. A moeda americana subiu na comparação as divisas emergentes e de exportadores de commodities, com ganhos maiores frente o real.

A aguardada leitura do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) em maio – medida de inflação preferida pelo Fed – não abalou a perspectiva de nova alta da taxa básica americana em 75 pontos-base. O núcleo, que exclui itens mais voláteis como alimentos e energia, avançou 0,3%, abaixo das expectativas. Na comparação anual, o núcleo desacelerou de 4,9% em abril para 4,7% em maio. As dúvidas são o tamanho da desaceleração da economia americana e, por tabela, global em meio ao processo desinflacionário.

Para o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, o PCE não trouxe grandes novidades, uma vez que um arrefecimento marginal da inflação na ponta já era esperado. Ele chama a atenção para a leitura do mercado de que o aperto monetário conduzido pelo Fed neste ano deve conter a inflação e permitir até um corte de juros nos EUA em 2023.

“A estimativa de juro terminal em 2023 caiu cerca de 30 pontos-base em poucos dias. O mercado talvez esteja adiantando muito essa desaceleração da inflação nos Estados Unidos. As taxas dos Treasuries caíram muito”, afirma Oliveira, que vê o tombo do dólar frente a pares fortes nesta quinta como reflexo da perspectiva de perda de fôlego da economia americana.

Oliveira atribui o tombo do real em junho à onda de fortalecimento global da moeda americana no exterior ao longo do mês e à perda de fôlego dos preços das commodities. Ele também observa que Banco Centrais de outros países emergentes começaram a apertar suas políticas monetárias, aumentando a competição por recursos de investidores estrangeiros.

“Além disso, a relação risco e retorno mudou porque a volatilidade da nossa taxa de câmbio aumentou muito. Outras moedas da região, como o peso chileno, tiveram desempenho melhor no segundo trimestre”, afirma o economista do Fibra, acrescentando que há também o peso da questão eleitoral, dado o risco de escalada populista levando em conta o perfil dos dois principais candidatos, o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula. “Não que esse seja o meu cenário, mas é um risco que está presente para o mercado”.

Por aqui, houve a disputa técnica pela última Ptax de junho e a rolagem do vencimento dos contratos futuros de dólar, o que adicionou volatilidade aos negócios, segundo operadores. Investidores recompuseram posições defensivas em meio à expectativa para aprovação da PEC dos Combustíveis no Senado, cuja votação está prevista para esta noite. A oposição faz uma ofensiva para tirar do texto o decreto de estado de urgência, que supostamente blindaria o presidente Jair Bolsonaro de sanção pela Lei Eleitoral por aumento de programas sociais.

“Inicialmente, o mercado recebeu bem o texto da PEC dos Combustíveis. Mas o clima ainda é de muita insegurança. Existe essa contestação ao estado de emergência, porque abriria a porta para o governo gastar ainda mais em ano eleitoral. Isso bate no risco-país e no dólar“, afirma a economista Bruna Centeno, da Blue 3.

Com informações do Estadão Conteúdo

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Por: Redação Suno Notícias – Suno

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