O dólar opera instável nesta segunda-feira (20), em meio a preocupação no cenário doméstico, com o pedido de demissão do presidente da Petrobras (PETR4), assim como o acompanhamento dos investidores de novidades sobre as taxas de juros no exterior.
A cotação do dólar subia 1,25%, por volta das 10h55, chegando aos R$ 5,142, mas reverteu para baixa de 0,03, aos R$ 5,172. Enquanto isso, o mercado de ações brasileiro se descola do exterior e tem queda quase generalizada dos papéis que compõem o Ibovespa.
A movimentação do dólar está volátil e caía há pouco, ajustando-se à queda predominante no exterior em meio à liquidez reduzida e com os mercados em NY fechados pelo feriado hoje nos EUA. Mas os investidores locais seguem cautelosos e a moeda americana já subiu à máxima intradia, a R$ 5,1560 mais cedo, em meio a tentativas do presidente Jair Bolsonaro e do presidente da Câmara, Arthur Lira, de interferir na política de preços da Petrobras.
Nos bastidores do governo, já se esperava a troca da diretoria da estatal ainda nesta semana, com a renúncia do presidente, José Mauro Coelho, que de fato ocorreu, dando lugar ao presidente interino Fernando Borges.
Na sexta-feira, a taxa de câmbio subia 2,35%, a R$ 5,1443, ampliando o ganho semanal a 3,12% e no mês a 8,24%, diante da expectativa de uma política monetária mais agressiva do Federal Reserve para domar a inflação americana e da escalada da ofensiva política contra o reajuste de combustíveis anunciado pela Petrobras.
Os investidores aguardam também uma reunião de líderes na Câmara hoje à tarde para discutir a política de preços da estatal. A elevação nos valores dos combustíveis é vista como um dos principais obstáculos ao projeto de reeleição de Bolsonaro.
Além dessa volatilidade no gráfico do dólar, o chefe do executivo disse no sábado que conversou com Lira e com o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (Progressistas-PR) para abrir hoje uma CPI para investigar a Petrobras. Ainda de acordo com o presidente, o governo vai resolver “o problema” da empresa.
Lira fez ameaças também ontem: se “a Petrobras decidir enfrentar o Brasil, ela que se prepare: Não queremos confronto, não queremos intervenção. Queremos apenas respeito da Petrobras ao povo brasileiro. Se a Petrobras decidir enfrentar o Brasil, ela que se prepare: o Brasil vai enfrentar a Petrobras. E não é uma ameaça. É um encontro com a verdade”, postou no Twitter.
No radar da semana para o dólar também está o IPCA-15 de junho (sexta) e a ata do Copom (amanhã) após o comitê ter elevado a Selic em 50 pontos-base, para 13,25%, e sinalizar novo aumento em agosto de igual ou menor magnitude. Economistas vão buscar sinalizações sobre o fim do ciclo de aperto. Os analistas também estarão atentos a explicações sobre a inclusão de expectativas para a inflação de 2024 no comunicado, já que o ano ainda não faz parte do horizonte relevante de política monetária.
De 38 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, 28 (74%) esperam um aumento de 0,5 ponto porcentual dos juros em agosto, a 13,75%. Outras nove (24%) estimam alta de 0,25 ponto, enquanto uma casa prevê manutenção da taxa Selic em 13,25%, o que também impacta no preço do dólar.
No exterior, sem a referência dos mercados americanos, a maioria das bolsas na Ásia fechou em baixa e na Europa predomina alta entre os índices de ações. A inflação ao produtor (PPI, na sigla em inglês) da Alemanha saltou 33,6% em maio, maior alta da série histórica, e o BC chinês manteve intactas suas taxas de juros de referência para empréstimos de um ano (+3,70%) e cinco anos (+4,45%).
Além da movimentação do dólar Ptax e do dólar turismo, o petróleo exibe altas moderadas e o minério de ferro com teor de 62% negociado em Qingdao, na China, fechou em queda expressiva de 8,18% nesta segunda-feira, 20, cotado a US$ 111,69 a tonelada, de acordo com a Fastmarket. É o menor fechamento desde 15 de dezembro de 2021, quando encerrou a US$ 111 a tonelada. No mercado futuro na bolsa de Dalian, o contrato para setembro da commodity tombou 10,98%, cotado a 746 yuans por tonelada, segundo um operador. Lá, o minério chegou a bater o circuit breaker duas vezes ao longo dos negócios hoje.
“Os preços e a demanda de aço têm caído muito, em todos os subsetores e principalmente na construção civil. Com isso, as siderúrgicas estão operando em margens negativas”, afirma Gilberto Cardoso, CEO da Tarraco Commodities Solutions e contribuidor da plataforma OhmReasearch.
Última cotação do dólar
Na última sessão, sexta-feira (17), o dólar encerrou o pregão em alta de 2,34%, negociado a R$ 5,14.
(Com informações de Estadão Conteúdo e colaboração de Victoria Netto)
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Por: Redação Suno Notícias – Suno