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De “furacão” a “choques sem precedentes”: os alertas de Musk e de executivos de grandes bancos sobre a economia

As últimas sessões foram marcadas por declarações de importantes executivos que abalaram o mercado acionário, principalmente o americano, em meio a falas bastante negativas sobre o futuro da economia.

Na noite da última quarta-feira (1), Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase, alertou que está preparando o maior banco americano para um “furacão econômico” e aconselhou os investidores a fazerem o mesmo.

Dimon disse que há um “furacão econômico se formando” e que a economia enfrenta incerteza, em parte porque estímulos sem precedentes continuam a desempenhar um papel.

Por exemplo, disse ele, a guerra na Ucrânia continua a agitar os mercados de commodities e pode elevar os preços do petróleo acima de US$ 150 o barril. “Aquele furacão está bem ali na estrada vindo em nossa direção”, disse Dimon. “Só não sabemos se é uma pequena tempestade ou a Supertempestade Sandy. Você tem que se preparar”.

Dimon disse ainda que os dados estão fortemente distorcidos pelos impactos da inflação e pela mudança nos padrões de gastos do consumidor em bens e serviços.

Na sequência, John Waldron, presidente e COO (diretor de operações) do Goldman Sachs, também alertou para tempos mais difíceis pela frente em meio a uma série de choques “sem precedentes” que seguem abalando a economia global. “Este é um dos ambientes mais – se não o mais – complexos e dinâmicos que já vi em minha carreira”, disse na quinta-feira, complementando: “A convergência do número de choques para mim é sem precedentes.”

Waldron disse que não usaria nenhuma analogia com o clima, mas enfatizou que há uma série de fatores concomitantes que prejudicam a economia, desde um choque de commodities até uma quantidade de estímulos monetário e fiscal.

Apesar dos desafios, o executivo disse que o banco está confiante em atingir todas as suas metas de desempenho e continua buscando oportunidades de aquisição na área de gestão de patrimônio e patrimônio, buscando diversificar seu fluxo de receita. Ainda assim, apontou que a instituição está mais cautelosa com os gastos de capital, dado o atual ambiente macro.

Já Jane Fraser, CEO do Citigroup, destacou em uma conferência com investidores que os Estados Unidos terão dificuldades para evitar uma recessão econômica. “Uma recessão na Europa definitivamente parece mais provável do que o que vemos nos EUA”, destacou. Mas, mesmo nos EUA, uma recessão “não é fácil de evitar”.

“Sentimento super ruim”

Nesta sexta-feira (3), antes mesmo da divulgação dos dados de emprego dos EUA de maio, uma fala de Elon Musk, CEO da Tesla (TSLA34) já abalava os mercados.

Musk afirmou, em um e-mail aos executivos da empresa visto pela Reuters, estar com um “pressentimento super ruim” sobre a economia e que precisa cortar cerca de 10% dos empregos na montadora de carros elétricos.

A mensagem, enviada na quinta-feira e intitulada “pause todas as contratações em todo o mundo”, veio dois dias depois que Musk disse aos funcionários para retornar ao local de trabalho ou pedir demissão.

Quase 100 mil pessoas estavam empregadas na Tesla e suas subsidiárias no final de 2021, segundo documento anual enviado pela empresa à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (ou a chamada SEC).

Musk alertou nas últimas semanas sobre os riscos de recessão, mas seu e-mail ordenando um congelamento de contratações e cortes de pessoal foi a mensagem mais direta por um chefe de uma montadora.

Até agora, a demanda por carros da Tesla e outros veículos elétricos permaneceu forte e muitos indicadores tradicionais de desaceleração, incluindo o aumento de estoques de revendedores nos EUA, não se materializaram.

Carsten Brzeski, chefe global de pesquisa macroeconômica do banco holandês ING, disse à Reuters que “o pressentimento ruim de Musk é compartilhado por muitas pessoas”. Mas ponderou: “não estamos falando de recessão global. Esperamos um arrefecimento da economia global no final do ano. Os EUA vão desacelerar, enquanto a China e a Europa não vão se recuperar.”

Nesta sexta, após a divulgação do Relatório de Emprego (payroll) de maio com criação de empregos acima do esperado, Joe Biden, presidente dos EUA, falou em coletiva ironicamente sobre o  “sentimento super ruim” do empresário quanto a economia.

“Muita sorte em sua viagem à Lua”, disse o presidente americano.

Biden afirmou que o dado de maio veio “excelente” e mostra que os EUA podem combater a inflação sem sacrifícios. Segundo ele, a economia dos EUA está em uma posição de força e mais bem posicionada para lutar contra a inflação do que qualquer outro país.

“A economia dos Estados Unidos pode crescer mais rapidamente do que a da China este ano”, destacou Biden, durante a  coletiva de imprensa.

No entanto, o chefe de Estado norte-americano comentou sobre a importância de o Congresso aprovar medidas para combater a pressão inflacionária, como a aprovação de cortes de impostos de energia limpa. “Lutar contra inflação continua sendo minha prioridade. Farei tudo o que for possível para diminuir os impactos nas famílias americanas”, reiterou.

O dado de emprego veio acima do esperado, mas as bolsas americanas têm um dia de queda, com a percepção de que o número (mostrando a criação de 390 mil vagas, ante expectativa do consenso Refinitiv de 325 mil) possa pesar nas futuras decisões do Federal Reserve sobre a taxa de juros, fazendo a autoridade monetária acelerar o ciclo de alta.

Assim, a reação dos ativos aos dados de emprego dos EUA refletiu a percepção de que pode haver espaço para continuar enfrentando a inflação de maneira agressiva, depois que os temores de recessão levantaram as apostas numa possível pausa no ciclo de aperto monetário do Fed nas últimas semanas.

Por outro lado, houve estabilidade da taxa de desemprego dos EUA em 3,6% – contra expectativa de queda para 3,5% – e uma alta menor que o esperado no crescimento dos salários dos norte-americanos (de 0,3% na base mensal, ante projeção de 0,4%) como um contraponto à leitura robusta de vagas criadas, já que podem justificar desaceleração do aperto do Fed.

(com Reuters e Estadão Conteúdo))

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Por: Lara Rizério – InfoMoney

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