Durante a Black Friday, é esperado um número maior de golpes, fraudes e imitações de lojas na internet, surfando na onda do período de maior consumo pelos brasileiros no ano.
O tráfego dos sites de compras online chega crescer de 3 a 5 vezes na Black Friday, diz Gabriel Vecchia, Diretor de Vendas da Signifyd no Brasil, empresa que oferece uma plataforma de proteção anti-fraudes para o e-commerce.
Com base nos dados que a Signifyd visualiza no mundo todo, Vecchia explica que as fraudes variam entre 1% e 2% de tudo o que é vendido online. “Isso significa que, de cada R$ 100 vendidos, algo entre R$ 1 ou R$ 2 será perdido para golpes e fraudes. Esse prejuízo fica com o e-commerce, e afeta, claro, consumidores.”
A Black Friday também tem servido como porta de entrada para novos consumidores no canal online. Menos experientes, acabam sendo mais vulneráveis e se tornam vítimas das fraudes durante a temporada, diz Vecchia.
O Brasil é o segundo país que mais sofre ataques cibernéticos na América Latina. Entre janeiro a junho deste ano, foram 31,5 bilhões de tentativas, segundo levantamento da Fortinet, um aumento de 94% em relação ao mesmo período de 2021.
Abaixo, vejas dicas que compilamos de diferentes especialistas para se proteger melhor de golpes na Black Friday:
Procure o site oficial e evite clicar em links enviados
Esses golpes na Black Friday podem se dar de muitas formas, como com o chamado “Lookalike Site” ou “site semelhante”, um método de phishing que imita o site de uma marca ou loja. Este exemplo de modalidade de fraude, que parece passar credibilidade e confiança, tem crescido e não ficará de fora dessa Black Friday, diz a Signifyd.
Outras formas de phishing são os links maliciosos enviados para o seu endereço de e-mail ou telefone celular, por SMS ou mensagens de Whatsapp.
“Evite entrar diretamente nesses links e tente buscar direto o site”, aconselha Gabriella Montini, diretora de estratégia corporativa na FC Nuvem, empresa da FCamara especializada em serviços gerenciados de TI e licenciamento de nuvem.
Outra forma que os criminosos operam são os anúncios falsos na internet, até mesmo dentro dos grandes marketplaces, para tentar enganar os consumidores e dirigi-los até esses sites falsos, conta o diretor de vendas da Signifyd.
“Todo o ambiente é desenvolvido para promover uma falsa sensação de segurança, incluindo o uso indevido de logotipos, imagens e selos de segurança”.
Além disso, as estratégias criminosas também variam entre a venda de produtos falsificados, roubo de dinheiro e de dados, comercialização de produtos inexistentes e até mesmo inserir malware em dispositivos.
Verifique o link e desconfie!
Gabriella Montini e Vinicius Teixeira, Head de Growth na Messem Investimentos, reiteram a importância de você verificar a URL, ou o link na internet, para ver se não há nenhuma letra, número, ou informação estranha.
Montini indica a utilização do Google Chrome, que possui uma camada de segurança que checa se o site é verificado com um símbolo de cadeado no canto esquerdo da tela.
“É um item de segurança a mais que as pessoas podem prestar atenção e evitar cair num site malicioso”, diz a diretora.
Além disso, sempre que desconfiar de algo quando preencher suas informações, recomenda-se parar o que você está fazendo e recarregar a página. Caso a página carregue novamente suas informações, significa que não estão coletando seus dados.
Os sites de pishing coletam as informações enquanto você preenche, diz Teixeira. O especialista sugere que você primeiro preencha com dados fictícios quando for criar a conta ou realizar a compra.
Desta forma, se o site continuar carregando e não registrar erro, pode indicar que ele está coletando seus dados.
“Veja se a tela de login vai mostrar uma mensagem de erro ou se ela vai simplesmente sumir como se estivesse carregando eternamente. Geralmente esses phishings fingem que a tela logada está carregando, só que ela já enviou seus dados”, explica.
Além disso, desconfie das informações que estão sendo pedidas, recomenda Montini. Por exemplo, senhas de cartão de crédito nunca são pedidas por lojas.
Outro ponto de desconfiança importante são promoções “muito generosas”, que beiram o absurdo. “Uma das metas dos fraudadores é gerar uma transação rapidamente. Para causar o senso de imediatismo, uma das estratégias é atrair os compradores apresentando ofertas irresistíveis, com valores muito abaixo do mercado”, conta o diretor da Signifyd.
Opte por criar um cartão digital
Outra opção interessante para se proteger nesses sites é criar um cartão digital no seu banco especialmente para as compras naquele domínio. Isso ajuda a identificar de onde está vindo o golpe caso o cartão comece a registrar novas compras de repente.
“O simples fato de você usar um cartão diferente para cada uma das compras em sites diferentes e anotar para qual conta foi usado aquele cartão pode indicar algum problema com aquele cartão — e aí você consegue mapear”, diz Teixeira.
Atenção aos pagamentos com PIX
Gabriella Montini afirma que é preciso ter atenção quando for realizar pagamentos pelo PIX, pois os golpistas enganam a vítima e manipulam esses dados, direcionando a transferência para outro recebedor e não para o e-commerce.
Portanto, nesta Black Friday, é fundamental verificar o nome de quem receberá o dinheiro, para confirmar que se trata do destinatário correto antes de concluir a compra.
Entre no site do Procon, Reclame Aqui e Central Black
O Procon (Instituto de Proteção e Defesa do Consumidor) possui uma lista com lojas virtuais que recomenda serem evitadas em seu site, lembra Clara Aguiar, gerente da Serasa. Portanto, antes de realizar sua compra, é interessante verificar se esse site não está no radar do Procon.
“As pessoas aproveitam todas os períodos em que que há mais consumidores e aumentam os golpes porque os consumidores se animam de imediato para pegar o desconto e acabam ficando sem o produto e sem o dinheiro”, destaca a gerente.
Outra ferramenta disponível para te ajudar no período da Black Friday é a Central Black do Serasa, conta Aguiar, que disponibiliza gratuitamente detalhes sobre os golpes que as pessoas costumam praticar nessa época.
Por enquanto, a Central ainda não está ativa, mas será possível verificar entrando no site oficial do Serasa.
E, não menos importante, no YouTube e blog oficial há o Serasa Ensina, com diversos vídeos com mais orientações e dicas de como evitar esses golpes em um dos períodos mais intensos de consumo do ano.
“Infelizmente esses crimes virtuais estão cada vez mais comuns e engenhosos. Criminosos fazem sites bem parecidos com os oficiais, mas às vezes tem uma uma letrinha diferente na URL”, comenta Aguiar.
O diretor de vendas da Signifyd, Gabriel Vecchia, também recomenda o acesso no Reclame Aqui das lojas – assim, o consumidor pode ver a reputação da empresa entre consumidores daquela marca.
Se você cair em algum destes golpes ou fraudes, a recomendação do especialista é procurar a delegacia de crimes cibernéticos.
Para o e-commerce que teve um site clonado, é importante manter a comunicação com sua base de consumidores, enviar e-mails e comunicados de alertas, informar em redes sociais sobre as práticas ocorridas e não apontar o consumidor como culpado por ter sido enganado, conclui.
Tome cuidado com suas compras nesta Black Friday e busque ajuda das autoridades caso localize algum problema ou suspeita. Boas compras!
Por: Ana Clara Macedo – Suno