O balanço das empresas de siderurgia e mineração está sob expectativas mistas para o primeiro trimestre de 2023 (1T23). Com os indicadores financeiros influenciados por fatores externos, a CSN (CSNA3), CSN Mineração (CMIN3) e Gerdau (GGBR4) têm projeções distintas dos analistas.
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Isso porque, conforme lembram os analistas do Itaú BBA, Santander (SANB11) e XP Investimentos, as empresas desses setores têm sido influenciadas pela volatilidade do minério de ferro e o recente rali — que alcançou níveis históricos em janeiro deste ano, mas vem caindo drasticamente desde o mês seguinte.
Além disso, a China, maior consumidor mundial da commodity, tem sido um fator importante na oscilação dos preços. A exemplo disso, em 2022, ao reduzir a produção de aço para diminuir suas emissões de carbono, o país afetou a demanda por minério de ferro e reduziu os preços do metal.
Diante desse cenário, as expectativas dos analistas sobre as empresas de mineração e siderurgia indicam uma melhoria nos resultados da Gerdau em relação ao trimestre anterior.
Já a CSN deve apresentar um aumento de 1% no Ebitda [lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização], enquanto a CMIN dividiu as projeções dos analistas da XP e do Itaú BBA.
Gerdau: impulsionada por Brasil e EUA
De acordo com as projeções consultadas pelo Suno Notícias, a Gerdau é a empresa que deve ter o melhor desempenho no 1T23. Isso porque as vendas da companhia não ficaram restritas à volatilidade do minério de ferro na China.
Os analistas do Itaú BBA projetam um aumento de 13% no Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Gerdau no 1T23, impulsionado pelos volumes mais altos de aço nos Estados Unidos e no Brasil.
“A expectativa é que os resultados nos EUA sejam beneficiados pela diluição de custos fixos. Enquanto os resultados no Brasil são impulsionados por melhores volumes e preços”, destacam os analistas.
Já os analistas da XP esperam um Ebitda consolidado de R$ 3,8 bilhões (+4% T/T), também devido à melhora nas divisões Brasil e EUA, com margens consolidadas aumentando de 20% para 21% no 1T23.
“Para a América do Norte, estimamos volumes ligeiramente superiores; preços e custos mais baixos. Para o Brasil, projetamos: volumes consolidados de vendas ligeiramente maiores; preços mais baixos; e custos fixos estáveis”, explicam.
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CSNA3 e CMIN3
Enquanto isso, as projeções dos analistas indicam que a CSN (CSNA3) e a CSN Mineração (CMIN3) devem apresentar resultados financeiros positivos no 1T23, com margens ligeiramente superiores.
No entanto, os riscos e desafios destacados pelos analistas mostram que ambas ainda enfrentam um cenário de incertezas e volatilidades no mercado, que podem impactar seus resultados no curto e médio prazo.
Confira mais detalhes a seguir:
CSNA3: alta no Ebitda de 1%
De acordo com os analistas do Itaú BBA, a CSN no 1T23 deve apresentar resultados financeiros sequencialmente mais fortes, impulsionados pela divisão de mineração.
A previsão do banco é de um Ebitda recorrente de R$ 3,15 bilhões, alta de 1% em relação ao trimestre anterior. Já na divisão de aço, espera-se uma queda de 3% em relação ao trimestre anterior no Ebitda, devido à diminuição dos preços realizados e aos volumes menores.
Já os analistas do Santander apontam múltiplo consolidado EV/Ebitda [indicador que relaciona o valor da companhia e a sua geração de caixa] de 4,9x da CSN e seguem a mesma linha sobre os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização da companhia.
“A empresa deve reportar um aumento de 1% no Ebitda, impulsionado pelos preços mais altos de minério de ferro, com a queda nos volumes de aço podendo prejudicar os resultados da empresa”
O banco aponta que os principais riscos para a empresa de mineração e siderurgia incluem:
- preços de minério de ferro e aço abaixo do esperado;
- demanda doméstica de aço mais fraca;
- desalavancagem mais lenta do que o esperado.
CMIN3: maiores custos de caixa
Segundo o Itaú BBA, a CSN Mineração no 1T23 deve observar uma diminuição sequencial nas vendas de 1,2 milhões de toneladas em relação ao trimestre anterior. Apesar disso, o banco projeta um aumento de 25% nos preços realizados de minério de ferro, impulsionado pelo aumento do preço de referência.
Para o custo por tonelada é esperado um crescimento de 21% em relação ao 4T22, devido a menores diluições de custos fixos e custos mais altos de demurrage [cobrança de sobrestadia quando um container fica no terminal esperando ser coletado por mais tempo do que o prazo contratado].
Com isso, a projeção do Ebitda para a divisão é de R$ 2 bilhões, alta trimestral de 13%.
Por outro lado, os analistas da XP Investimentos reforçam a expectativa de um resultado um pouco mais fraco para a CSN Mineração (CMIN3) no 1T23, porém com Ebitda ajustado atingindo R$1,7 bilhão (-3% T/T).
Isso é explicado por eles pelos maiores preços realizados (+20% T/T), vendas de 8,5 milhões de toneladas (-13% T/T) e maiores custos caixa, impactados principalmente pela menor diluição dos custos fixos e maiores compras de terceiros.
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Por: Janize Colaço – Suno