O preço da energia elétrica tem pesado no bolso dos brasileiros. Apesar de ter dado uma trégua no ano passado com a redução da carga tributária, a conta de luz acumula alta de 70% nos últimos oito anos (entre 2015 e 2022), conforme dados da Abraceel (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia). Para se ter uma ideia, no mesmo período, o IPCA, índice oficial de inflação, apresentou elevação de 58%.
Diante disso, muitas pessoas físicas e jurídicas estão buscando a energia solar para reduzir as despesas com a conta de luz fornecida pelas distribuidoras. A estimativa é de diminuição de até 95% nas despesas com energia elétrica para quem opta pela placa solar. Da mesma forma que mais brasileiros querem essa energia alternativa, cresce também a busca por seguro para os equipamentos solares, que cobre danos materiais e acidentes com causas externas.
“Mesmo no pós-pandemia, o home office tem crescido cerca de 30%. Consequentemente, a energia ficou cada vez mais cara, o que tornou a opção de um sistema fotovoltaico mais vantajoso a longo prazo”, avalia Jarbas Medeiros, diretor executivo de ramos elementares da Porto Seguro.
O que é?
O seguro para painéis solares tem a finalidade de cobrir os equipamentos e placas solares em casos de incêndio, roubo e furto ou fenômenos naturais. Pode ser residencial, comercial ou para fazendas solares.
“A energia solar vem crescendo no país e é importante que a proteção a esses equipamentos acompanhe essa tendência. Por serem aparelhos que exigem investimentos robustos, é fundamental que, no momento da compra, sejam avaliadas as vantagens e os benefícios que o seguro desses equipamentos tem a agregar para o segurado”, comenta Igor Di Beo, vice-presidente técnico da HDI Seguros.
De acordo com a Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), em um ano a energia solar cresceu aproximadamente 83%, saltando de 14,2 GW para 26 GW.
Desde 2012, a fonte solar já trouxe ao Brasil cerca de R$ 128,5 bilhões em novos investimentos, mais de R$ 39,4 bilhões em arrecadação aos cofres públicos e gerou mais de 783,7 mil empregos acumulados. Com isso, também evitou a emissão de 34,5 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade.
Na visão de Ronaldo Koloszuk, presidente do conselho de administração da Absolar, o crescimento acelerado do segmento é tendência mundial. “O Brasil possui um dos melhores recursos solares do planeta, o que abre uma enorme possibilidade para a produção do hidrogênio verde [H2V] mais barato do mundo e o desenvolvimento de novas tecnologias sinérgicas, como o armazenamento de energia e os veículos elétricos”, diz.
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Como funciona?
Há a possibilidade de ter um seguro ligado ao ramo de engenharia, onde a principal cobertura é a de instalação e montagem do equipamento, incluindo o período de testes e eventuais erros de projeto. E o seguro de operações, que garante o funcionamento da planta solar contra eventos súbitos e inesperados, tais como granizo, vendaval, incêndio, quedas de raio, entre outras avarias.
“Vale destacar que os eventos de roubo e furtos simples [envolvendo placas solares] têm se tornado mais frequentes e que em ambos os produtos [engenharia e operações] esta cobertura encontra-se disponível para contratação”, diz Sandro Povegliano, diretor de property e riscos de engenharia da EZZE Seguros.
Qual é a cobertura?
A cobertura depende dos serviços contratados, mas costuma incluir:
- eventos climáticos que possam causar danos ao equipamento;
- danos causados por incêndio;
- roubos e furtos;
- queda de aeronaves;
- e alguns equipamentos usados na instalação do sistema.
Além disso, é possível contratar ainda o seguro de instalação e responsabilidade civil. O produto ainda conta com coberturas adicionais como danos elétricos e perda ou pagamento de aluguel que poderão ser contratadas pelo segurado conforme a necessidade do cliente. Existe também a possibilidade de contratar cláusulas adicionais de roubo e furto qualificado.
“O equipamento placa solar fica a céu aberto, passa por risco muito grande das intempéries climáticas [chuva, vendaval e granizo], qualquer dano é coberto, incêndio queda de raio, explosão, roubo ou furto e tem cobertura adicional para danos elétricos do próprio equipamento”, explica Sávio Susin, superintendente de seguros, consórcios e previdência do Sicredi.
Veja alguns tipos de coberturas:
Seguro de engenharia
- Cobertura básica para risco de engenharia – obras civis em construção e instalação e montagem;
- Cobertura adicional de danos físicos em consequência de riscos do fabricante para máquinas e equipamentos novos;
- Cobertura adicional de danos físicos em consequência de erro de projeto para obras civis;
- Cobertura adicional de propriedades circunvizinhas;
- Cobertura adicional de incêndio após término de obra (30 dias);
- Responsabilidade civil – obras civis ou serviços de montagem e instalação de máquinas ou equipamentos – responsabilidade civil cruzada; poluição súbita; danos materiais causados ao proprietário da obra; prejuízos financeiros ou perdas financeiras; despesas de contenção de sinistros; responsabilidade civil empregador; erro de projeto; despesas com defesa em juízo.
Operações
- Danos materiais incluindo, mas não limitado a incêndio, raio, explosão, queda de aeronave;
- Danos da natureza, desmoronamento, ruptura de tubulação e bens do segurado em locais de terceiros;
- Remoção de escombros; reparos temporários; pequenas obras de engenharia para ampliação, reparo ou reforma; quebra de máquinas; roubo ou furto qualificado nas dependências do segurado; equipamentos eletrônicos.
Quanto custa?
O valor do seguro pode variar de acordo com necessidades e preferências do cliente ao contratar a cobertura, além da quantidade de placas e do projeto. “Contratar uma apólice para seguro de placa solar fica com um valor maior do que contratar junto com uma apólice residencial colocando extensão de cobertura para placa solar. É analisado também o risco da região como incidência de vendaval”, diz Adriano Oliveira, CEO do Grupo É Seguro.
Jarbas Medeiros, da Porto, comenta que a seguradora disponibiliza coberturas para placas solares em seus seguros patrimoniais, seja para condomínios, empresas ou residências que utilizam a matriz energética sustentável.
“Além disso, as empresas que produzem estas placas também podem contratar um seguro para proteger todo seu parque, incluindo a proteção para as placas contra os mais diversos danos. Assim, ao contratar um destes seguros, as placas solares estarão cobertas, e a seguradora deve ser acionada para dar andamento ao sinistro”, conta Medeiros.
Para quem está pensando em contratar apenas o seguro das placas, Igor Di Beo, da HDI, comenta que o valor médio do seguro RD Equipamentos para placa solar gira em torno de 1% do investimento feito pelo cliente para instalar as placas solares. Se o cliente investiu, por exemplo, R$ 20 mil na instalação pagará cerca de R$ 200 anuais pelo seguro.
“É um investimento alto, que é rapidamente compensado com a redução na conta de luz”, destaca Igor Di Beo. Ele lembra que, na maioria das vezes, o pagamento é financiado em 3 ou 4 anos.
Vale destacar que em uma casa com gasto de aproximadamente 500kwt/mês, o que daria uma conta de luz mensal de cerca de R$ 400, terá que investir algo em torno de R$ 20 mil para ter o sistema instalado e homologado no telhado. Considerando a despesa mensal com a conta de luz, o investimento vai ser pago em 4 anos.
Portanto, se acontecer algum problema com o equipamento, o consumidor pode ter que pagar a prestação do financiamento, a manutenção e, em alguns casos, até a conta de luz, porque se o painel solar deixar de funcionar, o cliente terá de voltar para o método tradicional de fornecimento de energia.
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Por: gilmarasantos – InfoMoney