O economista inglês Benjamin Graham fincou o seu nome na história ao ser considerado o pai da estratégia Value Investing – investimento de valor. A filosofia propõe métricas que facilitam a identificação de ações valiosas, mas negociadas abaixo do seu valor intrínseco. Ao ser utilizada por investidores de sucesso, o método ficou mundialmente conhecido. Mas este é apenas um dos trabalhos de Graham, que desenvolveu dezenas de outras métricas ao longo da sua carreira.
Ao revisitar a obra do gestor, Juliano Pinheiro, PhD em finanças e ex-presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec-MG), encontrou um conjunto de filtros pouco conhecido, criado por Graham já no final de sua careira, que representa uma inovação para o mercado brasileiro.
“Adaptamos, com sucesso, essa metodologia para o mercado brasileiro. Assim nasceu o projeto da gestora independente ATR Gestão. A nova casa abriga o ATR FIA, fundo de ações que tem a sua tese de investimento ancorada na métrica proposta no último trabalho de Graham, que representa a consolidação de suas pesquisas, e estará disponível na plataforma da XP ainda em setembro”, diz Pinheiro, que dedica ao projeto toda a experiência de uma carreira internacional de mais de três décadas no mercado financeiro.
O gestor acumula passagens pelo banco espanhol Bilbao Vizcaya e o já extinto Banco Credireal, além de liderar a administração de fundos de ações e carteira de clientes em gestoras brasileiras.
Empresas de valor
A equipe de analistas liderada por Pinheiro conta com profissionais com certificações, mestrado e doutorado, que ficam alocados no Brasil e na Inglaterra. “O ATR FIA é uma oportunidade para os investidores adicionarem diversificação real às suas carteiras. Não temos, por exemplo, Petrobras ou Vale no portifólio”, diz.
Após aplicar os filtros de Graham nas mais de 400 empresas listadas na Bolsa, a equipe separou oito companhias que foram submetidas à análise fundamentalista tradicional. As quatro empresas que passaram por esse último crivo formaram o portfólio do fundo. “Diante de investidores ansiosos por obter lucro no curto prazo, muitos gestores criam produtos com foco em ganho financeiro e deixam a sustentabilidade do negócio de lado. Estamos indo na contramão desse movimento”, diz Pinheiro.
Risco controlado
A métrica criada por Graham na década de 1970 passou por diversas provas e adaptações até ser aplicada no mercado brasileiro. “Fizemos inúmeras simulações com o modelo, e somente quando simulamos a utilização desses filtros no período mais crítico da pandemia, percebemos que a perda dos cotistas de um fundo com esse portfólio teria sido próxima de zero. Isso provou que a métrica se mantém atual”, afirma Pinheiro.
Uma das principais características do ATR FIA é entregar para o investidor a melhor relação entre risco e retorno. “Na prática, se buscamos um retorno de 15%, por exemplo, vamos fazer isso tomando o menor risco possível”, diz o gestor. Os analistas monitoram diariamente os ativos que compõem o portfólio, e o uso de algoritmos não faz parte da estratégia.
Diferente da maioria dos fundos de ações, o veículo da ATR Gestão não usa o Ibovespa como benchmark. O desempenho do veículo poderá ser comparado com a média dos 195 fundos da categoria ‘Valor e Crescimento’ da Anbima, em uma métrica própria criada por Pinheiro e sua equipe.
“Entendemos que essa referência de rentabilidade é mais fiel à realidade do mercado. Isso porque quando comparamos qualquer fundo com o Ibovespa, existe grande influência dos ciclos dos preços de commodities”, diz. “A tese do fundo veio da academia, e a dinâmica da administração é um misto de teoria e prática das finanças”, afirma Pinheiro.
O fundo ATR FIA tem aporte mínimo de R$ 10 mil, e é voltado para investidores qualificados – que têm ao menos R$ 1 milhão investidos.
Experiência múltipla do gestor
A ATR Gestão reflete toda a experiência de Pinheiro, que reúne vivência em diversos ambientes do segmento de finanças: desde a academia até o mercado – com importantes passagens por órgãos institucionais. Além de estar à frente da Apimec-MG entre 2012 e 2016, ele também foi membro do conselho da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) entre 2013 e 2016.
No meio acadêmico, Pinheiro é conhecido como o autor do livro “Mercado de Capitais”, da Editora GEN|Atlas, lançado em 2001 – hoje na nona edição. Este trabalho abriu as portas do mundo para Pinheiro, que em 2002 foi o primeiro estrangeiro a obter um título de Doutor pelo Departamento de Contabilidade e Finanças da tradicional universidade espanhola de Zaragoza.
Nos últimos quatro anos, Pinheiro atuou como professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), período em que estudou os “métodos esquecidos de Graham”, pesquisa que deu origem à ATR Gestão.
Mais informações sobre a ATR Gestão podem ser encontradas no site.
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Por: fernandoprandi – InfoMoney
