Em meio a incertezas de escala global, a bolsa brasileira se tornou uma das opções preferidas de investidores europeus. É o que afirmou Marcelo Sá, estrategista-chefe de ações do Itaú BBA, ao Valor Econômico.
O estrategista do BBA afirma que nunca viu os investidores europeus tão otimistas com o mercado de ações doméstico.
Sá acaba de voltar de uma série de reuniões no continente europeu.
Segundo ele, nos mais de 30 encontros em que ele e o economista Luiz Cherman participaram com gestores locais, o discurso predominante era de otimismo em relação a possíveis cortes na taxa de juros local, tolerância com as incertezas fiscais e preferência por teses domésticas.
“Falamos com gestores de fundos globais, de emergentes e alguns de América Latina, e os executivos estavam bem animados com o ‘case Brasil’, principalmente aqueles com mandato para investir fora de economias desenvolvidas. Além da visão otimista para o cenário doméstico, há certo pessimismo em relação à China, Turquia e países do Leste Europeu. E a Índia, por sua vez, já tem ‘valuations’ esticados. Ou seja, somos uma das poucas opções viáveis”, disse ao Valor.
Na visão do gestor, os europeus pareceram mais flexíveis em relação a incertezas fiscais do Brasil justamente por conta do momento que a própria Europa passa, com países como França e Reino Unido recorrendo a subsídios para tentar mitigar os efeitos da crise energética.
Os europeus estavam mais otimistas que o próprio Itaú BBA, inclusive, quando o assunto era a taxa de juros.
“Muitos disseram que o carrego estava muito elevado, então não fazia sentido manter as taxas tão elevadas por tanto tempo [a projeção da casa mostra cortes na Selic apenas no segundo semestre de 2023]. Eles indicavam, adicionalmente, ter uma visão mais construtiva em relação à inflação nos Estados Unidos, algo que se provou equivocado após a divulgação do CPI [Índice de Preços ao Consumidor] do mês de agosto”, disse Sá ao jornal.
A carteira “Brazil Buy List” do Itaú BBA é atualizada mensalmente e tinha performance positiva de 8,9% em 2022, até o dia 27 de setembro, contra 3,4% de alta do Ibovespa, índice de referência da bolsa brasileira, no mesmo intervalo de tempo.
Na composição atual, constam: Assaí (ASAI3), Banco do Brasil (BBAS3), BTG Pactual (BPAC11), Eletrobras (ELET3), Energisa (ENGI11), Gerdau (GGBR4), MRV (MRVE3), Vale (VALE3) e Vivara (VIVA3).
Por: Laura Intrieri – Suno