O Ibovespa encerrou o primeiro pregão de setembro na máxima, aos 110.405,30 pontos, com alta de 0,81%. A mínima foi de 108.217,40 pontos, menor nível intradia desde 9 de agosto, em um dia com volume financeiro de R$ 28,4 bilhões. O comportamento desta quinta foi o oposto ao de quarta, quando o Ibovespa fechou na mínima do dia, em queda de 0,82%. O giro foi de R$ 28,6 bilhões na sessão desta quinta. Na semana, o Ibovespa cede 1,69% e no ano ainda avança 5,33%.
Mesmo com o PIB mostrando recuperação generalizada da economia brasileira no segundo trimestre, a boa notícia da manhã não parecia o suficiente para que o Ibovespa iniciasse setembro com o pé direito. Os mercados do exterior ainda refletem cautela quanto ao ritmo de atividade global no momento em que a elevação dos juros de referência segue em curso, nos Estados Unidos e na Europa. Ainda assim, o Ibovespa encontrou fôlego no meio da tarde para retomar os 110 mil pontos e para evitar que a correção se estendesse pelo terceiro dia.
Em agosto, o movimento do Ibovespa pôde ser dividido em duas partes, observa Lucas Serra, analista da Toro Investimentos: até o dia 18, viés comprador acentuado, dando continuidade às altas observadas ainda em julho; na sequência, após fazer máximas perto dos 114,4 mil pontos, o Ibovespa entrou “em um movimento não direcional, sinalizando que a força compradora pode ter se exaurido e que poderemos observar a entrada mais forte de vendedores ao longo de setembro”.
Os mais recentes dados sobre fluxo externo para a B3 sugerem o mesmo. Os investidores estrangeiros retiraram R$ 733,454 milhões da B3 na sessão de terça-feira, 30, colocando o aporte total do mês a R$ 17,2 bilhões, faltando apenas o dado de 31 para o fechamento da leitura de agosto. O saque de recursos estrangeiros na terça coincidiu com queda de 1,68% no Ibovespa, então a 110,4 mil pontos.
Ibovespa: sinais de cansaço?
Após ter enfrentado mesmo dias de turbulência externa para levar a recuperação iniciada em meados de julho adiante, o Ibovespa tem dado sinais de cansaço. O cenário global desafiador em componentes centrais, como EUA, Europa e China, é um teste para a resiliência do índice da B3, que saiu em cerca de um mês das mínimas desde novembro de 2020 para as máximas desde abril de 2022.
Divulgado nesta quinta nos EUA, o índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial em agosto, do Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês), deve chancelar uma alta de 75 pontos-base na taxa básica de juros americana em setembro, avalia o Citigroup em relatório. O PMI industrial do ISM ficou estável em agosto, a 52,8, contrariando a expectativa de queda. Todos os principais componentes do índice – novos pedidos, produção e emprego – ficaram acima do nível 50, o que indica expansão, lembra o Citi.
Por outro lado, na China, a queda abaixo de 50 do índice de gerentes de compras (PMI) do setor industrial da China em agosto, da Caixin, é mais um sinal de que o crescimento do gigante asiático estagnou, em quadro que deve piorar diante da perda de fôlego das exportações e crise do setor imobiliário, avalia o economista-sênior para China da Capital Economics, Julian Evans-Pritchard. Leituras abaixo de 50 indicam contração da atividade, na margem. O PMI oficial, divulgado também nesta semana, registrou contrações tanto em julho como em agosto.
Leitura sobre o PIB do Brasil
Com a incerteza externa neste miolo de terceiro trimestre, a leitura desta quinta sobre o PIB do segundo trimestre no Brasil acabou sendo recebida no retrovisor. “O PIB do 2T22 cresceu 1,2% e o do 1T22 foi revisado de 1% para 1,1%; com isso, chegamos num PIB que supera o nível pré-pandemia em 3%, e 0,3% abaixo do ponto mais alto da série, no 1T14”, aponta Igor Barenboim, sócio e economista-chefe da Reach Capital. “O destaque do crescimento ficou com o setor de serviços por conta da reabertura da economia: o segmento cresceu 1,3% e corresponde a 70% da economia.”
“Na ótica da despesa, ressaltamos o crescimento do consumo das famílias (2,6%), dos investimentos (4,8%) e das importações (7,6%). Os dados refletem a abertura da economia, benefícios fiscais e a demanda represada na pandemia”, observa Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. “Para o segundo semestre, a perspectiva é de arrefecimento da atividade diante dos efeitos da elevação dos juros e da alta inflação”, diz. Mas, ressalva o economista, “a dinâmica do mercado de trabalho, reduções tributárias sobre itens importantes (combustíveis e energia) e novos incentivos fiscais, como a PEC dos Auxílios, darão fôlego para o 3º trimestre.”
“Os dados antecedentes do terceiro trimestre indicam manutenção do sentimento positivo tanto dos consumidores quanto dos empresários, impulsionados por melhora da percepção, com mercado de trabalho mais forte e aumento da renda disponível”, diz Pedro Patrão, economista da HCI Invest. “Mas também esperamos perda de ímpeto da atividade econômica no segundo semestre, diante dos impactos da taxa Selic em patamar contracionista”, acrescenta.
“Para 2023, o PIB deve frear com as muitas incertezas acerca do futuro político do País, sem contar o impacto do ciclo de alta da Selic, elevada de 2% no final do ano passado para o patamar de 14%, além das dúvidas que ainda pairam sobre a gestão das contas públicas”, avalia Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos
Ainda sem apresentar qual a âncora fiscal em eventual governo do PT, o candidato e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou nesta quinta-feira críticas ao teto de gastos, durante participação em evento em Belém (PA). “Não aceito a ideia de criar teto de gastos. Teto de gastos é o compromisso moral que a gente tem com esse País. A gente não pode gastar mais do que arrecada, mas é preciso saber o que é gasto e o que é investimento para não ficar ‘tudo é gasto´”, disse Lula.
Bolsas de NY fecham sem sinal único, com recuperação na reta final do pregão
Os mercados acionários de Nova York tiveram quadro negativo nas primeiras horas desta quinta-feira, com um dado acima do esperado da indústria dos Estados Unidos reforçando apostas em altas nos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Mais para o fim do pregão, porém, houve máximas e os índices chegaram ao fim do dia sem sinal único.
O índice Dow Jones fechou em alta de 0,46%, em 31.656,42 pontos, o S&P 500 avançou 0,30%, a 3.966,85 pontos, e o Nasdaq recuou 0,26%, a 11.785,13 pontos.
O Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês) informou que o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria dos EUA se manteve em 52,8 em agosto, quando analistas previam queda a 51,8. Após o dado, as bolsas de Nova York ampliaram perdas, enquanto no monitoramento do CME Group aumentava a chance de uma alta de 75 pontos-base nos juros pelo Fed no dia 21 deste mês.
O dólar fechou cotado a R$ 5,2383, avanço 0,71%. Foi o terceiro pregão seguido de alta do dólar, período em que saiu do patamar de R$ 5,03 para superar R$ 5,23, acumulando uma valorização de 4,07%.
O ouro fechou em queda robusta nesta quinta-feira, pressionado por temores de que os juros nas economias centrais do mundo fiquem mais altos no futuro próximo. O metal precioso é particularmente sensível ao dólar e aos juros dos Treasuries, que tendem a ficar fortalecidos diante de um Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) agressivo nos EUA.
Na Comex, divisão para metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para dezembro recuou 0,98%, a US$ 1.709,30 por onça-troy.
O contrato mais líquido do metal precioso em Nova York operou hoje em seu menor nível desde 21 de julho, ao atingir mínima intraday de US$ 1.699,10.
Ibovespa hoje: dia de construtoras e empresas de incorporação
No Ibovespa hoje, entre as ações e setores de maior liquidez na B3, Petrobras (PETR4) conseguiu operar na contramão do forte ajuste em andamento nas cotações da commodity, em queda superior a 3% no WTI e Brent, com a referência americana sendo negociada na faixa de US$ 86 e a global, de US$ 92 por barril. Ainda assim, Petrobras registrou ganhos: PETR3 subiu 1,80% (a R$ 37,84) e PETR4 subiu 1,87% (R$ 33,85), contribuindo para equilibrar o efeito de Vale (VALE3, que recuou 0,95%, queda bem moderada no encerramento, em dia sem sinal único para a siderurgia – CSN (CSNA3) perdeu 1,67% e Usiminas (USIM5) subiu 1,75%.
Na ponta ganhadora do Ibovespa, destaque para MRV (MRVE3), que subiu 7,59%, Cyrela (CYRE3) avançou 6,92%, Banco Pan (BPAN4) ganhou +5,45% e JHSF (+5,16%). A queda dos juros futuros impulsionou os papéis de empresas do setor de construção e incorporação.
No lado oposto, IRB (IRBR3) desabou 14,63%, em dia de precificação da oferta de ações, Pão de Açúcar (PCAR3) recuou 5,26%, Petz (PETZ3) despencou 2,49% e a Embraer (EMBR3) perdeu 2,39%.
Entre os grandes bancos, a direção foi majoritariamente positiva no fechamento. Recuperaram parte das perdas da véspera. Itaú (ITUB4) subiu 1,55%, Banco do Brasil (BBAS3) avançou 1,54% (R$ 42,33), Bradesco (BBDC4) ganhou 0,84% e Santander (SANB11) teve alta de 0,31% (R$ 29,46)
Maiores Altas do Ibovespa
MRV (MRVE3) R$ 11,05// 7.59%
Cyrela (CYRE3) R$ 15,14 // 6.92%
Banco Pan (BPAN4) R$ 7,74// 5.45%
JHSF (JHSF3) R$ 6,53 // 5.32%
Cogna (COGN3) R$ 2,59 // 4.44%
Maiores Baixas do Ibovespa
IRB (IRBR3) R$ 1,42// -13.41%
Pão de Açúcar (PCAR3) R$ 20,55// -5.26%
Petz (PETZ3) R$ 10,56// -2.49%
Embraer (EMBR3) R$ 13,50// -2.32%
JBS (JBSS3) R$ 29,05// -1.82%
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- PIB sobe 1,2% no 2º trimestre de 2022 ante três meses anteriores, afirma IBGE
- Petrobras (PETR4) anuncia nova redução no preço da gasolina
PIB sobe 1,2% no 2º trimestre de 2022 ante três meses anteriores, afirma IBGE
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou alta de 1,2% no segundo trimestre de 2022 ante o primeiro trimestre do ano, informou nesta quinta-feira, 1, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio dentro do intervalo das estimativas dos analistas consultados pelo Projeções Broadcast, que esperavam um avanço de 0,4% a 1,4%, mas acima da mediana, que era positiva em 0,9%.
Na comparação com o segundo trimestre de 2021, o PIB apresentou alta de 3,2% no segundo trimestre de 2022, vindo dentro das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, que variavam de uma elevação de 0,2% a 3,7%, com mediana positiva de 2,8%.
Ainda segundo o instituto, o PIB do segundo trimestre de 2022 totalizou R$ 2,4 trilhões.
O PIB da indústria subiu 2,2% no segundo trimestre de 2022 ante o primeiro trimestre. Na comparação com o segundo trimestre de 2021, o PIB da indústria mostrou alta de 1,9%.
O Produto Interno Bruto da agropecuária subiu 0,5% no segundo trimestre de 2022 ante o primeiro trimestre do ano. Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, o PIB da agropecuária apresentou queda de 2,5%.
No setor de serviços, o PIB subiu 1,3% no segundo trimestre de 2022 ante o primeiro trimestre de 2022. Na comparação com o segundo trimestre de 2021, o PIB de serviços teve alta de 4,5%.
O crescimento de 1,2% no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, ante os três primeiros meses do ano, foi o maior nessa ótica de comparação desde o quarto trimestre de 2020. Naquela ocasião, quando a economia ainda experimentava o início da retomada após ser atingida em cheio pela pandemia de covid-19, o PIB cresceu 3,2% ante o trimestre imediatamente anterior. Os dados foram informados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Pela ótica da demanda, o destaque foi o consumo das famílias, cujo avanço de 2,6% sobre o primeiro trimestre foi o maior também desde o quarto trimestre de 2020, quando houve crescimento, na margem, de 3,1%.
Petrobras (PETR4) anuncia nova redução no preço da gasolina
A Petrobras (PETR4) anunciou na manhã desta quinta-feira (1) uma nova redução no preço da gasolina no Brasil.
O preço do combustível vendido às distribuidoras será reduzido em 7,08% pela Petrobras. A partir de sexta-feira (2), o preço do litro passará de R$ 3,53 para R$ 3,28, uma redução de R$ 0,25.
O preço dos demais combustíveis não foi alterado.
A nova alteração no preço da gasolina já havia sido alterada no dia 16 de agosto.
Desde o dia 12 de agosto, o preço do litro do diesel segue em R$ 5,19.
“Essa redução acompanha a evolução dos preços de referência e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio“, diz a Petrobras em nota.
Considerando a mistura padrão de 73% de gasolina e 27% de etanol anidro para a composição da gasolina vendida nos postos, a parcela da Petrobras em cada litro de gasolina vendido na bomba passará de R$ 2,57 para R$ 2,39, em média.
Raízen (RAIZ4) e Arezzo (ARZZ3) entram na carteira do Ibovespa
As ações da Raízen (RAIZ4), da São Martinho (SMTO3) e da Arezzo (ARZZ3) foram mantidas na terceira e última prévia do Ibovespa para o próximo quadrimestre. As informações foram divulgadas pela B3 (B3SA3) nesta quinta-feira (1).
Além da inclusão da Raízen, a prévia do Ibovespa segue com as ações da JHSF (JHSF3) fora da carteira do índice.
A Raízen terá peso de 0,292%, a São Martinho com 0,221% e a Arezzo com 0,270%.
Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) seguem como as companhias com maior peso, com 14,1% e 7,3%, respectivamente. Já o Itaú (ITUB4) vem logo atrás, com 5,9% de peso no Ibovespa.
A carteira do Ibovespa deve seguir com 92 ativos e as mudanças no índice passam a valer no dia 5 de setembro. Esse rol de ativos será válido até o dia 2 de dezembro de 2022, quando novas prévias devem alterar o índice.
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Por: Marco Antônio Lopes – Suno