Além das inestimáveis perdas humanas, o desastre no Rio Grande do Sul (RS) também deve causar fortes prejuízos econômicos. Os danos causados à agricultura e pecuária pelas chuvas no RS já ultrapassam R$ 594,6 milhões, de acordo com informações parciais reunidas pela Confederação Nacional de Municípios (CNM). Segundo o Bradesco, o potencial impacto da tragédia sobre o PIB brasileiro é da ordem de 0,2 a 0,3 ponto percentual. A estimativa leva em conta o peso do Rio Grande do Sul na economia brasileira.
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“A agropecuária será uma das atividades mais impactadas pelo evento. O setor responde por 15% do PIB estadual, o que representa 12,6% do PIB agropecuário brasileiro. Arroz, soja, trigo e carnes são os principais produtos produzidos”, aponta o Bradesco.
Atualmente, o estado está em período de colheita de verão, sendo que cerca de 70% da soja e 80% do arroz já foram colhidos. Além disso, o RS é responsável por aproximadamente 11% e 17% da produção nacional de frango e suínos, respectivamente.
“O tamanho do impacto também deve ser determinado pela natureza da produção de cada commodity. Proteínas são produzidas continuamente ao longo do ano, o que significa que a produção total deve se normalizar assim que as restrições forem resolvidas. Isso provavelmente causaria um impacto nos preços menor do que no caso dos grãos, concentrando-se no curto prazo, que tem produção sazonal”, explica o BTG.
Neste contexto, importantes empresas como a BRF (BRFS3) e a Seara, empresa da JBS (JBSS3), têm plantas no estado. “Dado que elas operam cadeias de produção longas, vivas e integradas, a preservação de seus ativos biológicos nos parece ser o principal ponto de preocupação”, afirma o BTG.
Segundo os analistas, é provável que os impactos nos suprimentos de proteínas no RS sejam parcialmente compensados por preços – com a diversificação geográfica das empresas em outros estados e no exterior também podendo mitigá-los.
Quanto à Camil (CAML3), o arroz é a commodity em que os impactos nos preços podem durar mais tempo. O RS responde por aproximadamente 70% do suprimento brasileiro de arroz, com uma produção esperada de 7,5 milhões de toneladas para a safra 2023/24. De acordo com o BTG, as restrições logísticas e a capacidade de exportar produtos para outros estados e evitar desabastecimentos seriam pontos a se observar.
Por sua vez, a a 3tentos (TTEN3) divulgou um comunicado ao mercado destacando que suas duas unidades industriais no estado, que representam cerca de 60% de sua capacidade de esmagamento de soja no RS prevista para 2024, estão operando normalmente.
Chuvas no RS: impactos sobre os preços de alimentos podem ser relevantes, diz Bradesco
O desabastecimento de produtos na região tende a gerar um choque de preços local. A capital gaúcha tem peso de 8,6% no IPCA nacional.
“Resgatando o que ocorreu com os preços com o desabastecimento causado pela greve dos caminhoneiros de 2018, houve alta significativa, mas temporária, dos preços de alimentos e combustíveis. Os preços mais afetados foram os da gasolina, hortifruti e leite”, relembra o Bradesco.
Segundo o banco, se Porto Alegre experimentar um evento parecido, o impacto na inflação da cidade poderia chegar a 0,7 p.p, e o efeito sobre o IPCA nacional seria da ordem de 0,06 p.p., que provavelmente será revertido nos meses seguintes.
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No entanto, vale ressaltar que a natureza do choque causado pela enchente é diferente, ao afetar oferta e demanda, o que pode limitar a pressão sobre os preços
A principal preocupação neste momento é com o arroz, dada a representatividade do estado na produção nacional e a importância do produto na cesta brasileira. “Uma referência para pensar nos possíveis impactos em preços do cereal é o ciclone subtropical que atingiu o Rio Grande do Sul em maio de 2008. Naquele momento, os preços subiram cerca de 40% no atacado e 20% no IPCA em um mês”, diz o Bradesco.
Há também preocupação com os preços da soja. Já houve queda da produção do grão neste ano no Brasil e possíveis perdas no Rio Grande do Sul resultariam em uma menor oferta no mercado doméstico.
“Assim, em um primeiro momento, parece razoável considerar um impacto potencial de 0,2 p.p. na inflação deste ano, estimativa que considera uma alta de 5% da cotação da soja e um choque próximo de 20% do arroz no atacado”, comenta o Bradesco.
Ambev e mais empresas se solidarizam e fazem doações para o RS
Diversas empresas se mobilizaram nos últimos dias para enviar remédios, ajuda financeira e realizar doações para o Rio Grande do Sul e os atingidos pelo desastre natural que atinge a região.
A Azul (AZUL4) anunciou a criação de um fundo em parceria com o banco Itaú (ITUB4) para operações humanitárias no estado, recebendo doações de todo o Brasil e realizando transporte de donativos e voos extras.
O Instituto GOL (GOLL4), junto com a CUFA, realiza campanha de arrecadação e envio de mantimentos. O Banco do Brasil (BBAS3) doou R$ 400 mil e flexibilizou tarifas em diversos produtos, enquanto o Bradesco (BBDC4) oferece condições especiais de renegociação e suspensão de cobranças para clientes afetados.
O Santander (SANB11)anunciou medidas emergenciais para clientes nas áreas afetadas e criou um fundo de ajuda humanitária. A Cimed doou R$ 1 milhão em medicamentos e reduziu preços para farmácias atingidas. A Magazine Luiza (MGLU3) doou 1.840 colchões e deu apoio a funcionários desabrigados.
Já e Ambipar enviou recursos e profissionais especializados em gestão de crises para auxiliar nas ações de resgate às vítimas das inundações causadas pelas chuvas no RS.
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Por: Vinícius Alves – Suno