O saldo das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) cresceu 0,7% em março, para R$ 5,4 trilhões, informou nesta quarta-feira (26) o Banco Central. O resultado decorreu de incrementos mensais de 0,6% no saldo do crédito destinado às empresas, para R$ 2,1 trilhões, e de 0,8% no saldo do crédito para as famílias, que atingiu R$ 3,3 trilhões.
Comparativamente ao mesmo mês do ano anterior, o saldo do crédito total cresceu 12,0% em março, desacelerando ante a expansão de 12,7% no mês anterior.
Por segmento, no mesmo período de comparação, tanto o crédito para as empresas quanto às famílias também desaceleraram, para 5,5% ante 6,0% em fevereiro e para 16,5% ante 17,4% um mês antes.
O saldo das operações de crédito com recursos livres para as pessoas jurídicas somou R$ 1,4 trilhão em março, com alta de 1,1% no mês e de 4,6% em doze meses. Esse desempenho decorreu, basicamente, da expansão da carteira de desconto de duplicatas (+7,5%), influenciada pela sazonalidade do período, bem como dos incrementos das carteiras de cartão de crédito total (+19,1%), e de adiantamentos de contratos de câmbio (ACC), com alta de, 5,6%.
O saldo das operações de crédito com recursos livres às pessoas físicas totalizou R$ 1,8 trilhão em março, crescimento de 0,6% no mês e de 15,4% em doze meses. Destacaram-se as evoluções das carteiras de cartão de crédito total (1,8%), aquisição de veículos (0,8%), bem como as de crédito pessoal consignado para trabalhadores do setor público (0,4%) e para aposentados e pensionistas do INSS (0,6%).
As concessões nominais de crédito totalizaram R$ 523,1 bilhões em março. Nas séries sazonalmente ajustadas, o total de novas concessões recuou 1,0% no mês, com reduções de 2,6% nas operações realizadas com pessoas jurídicas e de 2,2% nas concessões a pessoas físicas.
Na comparação com o mesmo período do ano anterior, as concessões nominais cresceram 14,8% em março, com avanços de 11,8% nas contratações com empresas e 17,3% com as famílias.
Crédito ampliado
Em março, o saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro alcançou R$ 15,0 trilhões (147,6% do PIB), crescendo 0,5% no mês, devido principalmente às altas dos saldos dos títulos de dívida pública, 0,8%, e privada, 2,9%, e dos empréstimos do SFN, 0,8%.
Esse crescimento foi contrabalanceado pela redução dos empréstimos da dívida externa, 1,9%, impactados pela apreciação cambial de 2,5%. Na comparação interanual, o crédito ampliado cresceu 11,4%, prevalecendo as elevações da carteira de empréstimos do SFN, 12,2%, e dos títulos de dívida, 11,1%.
O crédito ampliado a empresas atingiu R$ 5,3 trilhões (51,8% do PIB), elevação de 0,3% no mês, influenciada principalmente pela alta dos títulos de dívida privados, 2,9%, contrabalançado pela redução dos empréstimos da dívida externa, 1,8%. Em relação a março de 2022, a expansão de 15,7% do crédito ampliado a empresas refletiu principalmente os aumentos de 36,5% em títulos de dívida e de 14,2% na carteira de empréstimos da dívida externa.
O crédito ampliado às famílias permaneceu estável em R$ 3,5 trilhões (34,7% do PIB) em março, com variação de 16,2% em doze meses, em função do incremento nos empréstimos do SFN.
Custo médio
O custo médio das novas concessões de crédito alcançou 31,6% anuais em março, com aumentos de 0,4 ponto percentual no mês e de 4,7 p.p. em doze meses. O spread bancário das novas concessões permaneceu em 20,9 p.p., mantendo-se estável no mês e elevando-se 3,6 p.p. na comparação interanual.
Nas operações de crédito com recursos livres, os juros médios das novas concessões alcançaram 44,3% a.a. em março, com elevações de 0,1 p.p. no mês e de 7,0 p.p. em doze meses.
Nas operações com o segmento empresarial, o custo médio do crédito livre situou-se em 24,1% a.a., mantendo-se estável no mês e crescendo 2,7 p.p. em doze meses. Nas operações realizadas com as pessoas físicas, a taxa de juros manteve-se inalterada em relação ao mês anterior, em 58,3% a.a., e aumentou 8,7 p.p. em doze meses.
O Indicador de Custo do Crédito (ICC), que mede o custo médio de todo o crédito do SFN, permaneceu estável no mês em 22,3% a.a., elevando-se 2,8 p.p. em 12 meses.
Inadimplência e endividamento
A inadimplência da carteira de crédito do SFN permaneceu estável em março, em 3,3%. A inadimplência nas carteiras de pessoas jurídicas e de pessoas físicas também ficaram estáveis em 2,1% e 4,1%, respectivamente. No crédito com recursos livres, a inadimplência aumentou 0,1 p.p. ao atingir 4,6%.
O endividamento das famílias com o SFN alcançou 48,6% em fevereiro, o que representou decréscimos de 0,3 p.p. no mês e de 1,2 p.p. em 12 meses. Nas mesmas bases de comparação, o comprometimento de renda registrou elevações de 0,1 p.p. no mês e de 0,8 p.p. em 12 meses, situando-se em 27,4%.
Base monetária
A base monetária alcançou R$ 413,3 bilhões no mês de março, um crescimento de 2,4% no mês e de 7,1% em doze meses. No mês, o volume de papel-moeda em circulação reduziu-se 2,1% e as reservas bancárias aumentaram 25,9%.
Entre os fluxos mensais dos fatores condicionantes da base monetária, impactaram de forma expansionista as operações do Tesouro Nacional, R$ 6,9 bilhões, as do setor externo, R$ 30,3 bilhões, e as com títulos públicos federais, R$ 29,9 bilhões (resgates líquidos de R$ 26,6 bilhões no mercado primário e compras líquidas de R$ 3,2 bilhões no mercado secundário).
Segundo o BC, impactaram de forma contracionista as operações com derivativos, R$ 11,7 bilhões, as de Redesconto e de Linhas de Liquidez, R$ 14,9 bilhões, e os depósitos de instituições financeiras, R$ 20,7 bilhões (recebimentos de depósitos voluntários a prazo, -R$ 16,2 bilhões, recolhimentos de recursos de depósitos a prazo, -R$ 5,2 bilhões e de recursos de caderneta de poupança, -R$ 728 milhões, liberações recursos do Proagro, +R$658 milhões e de depósitos de garantia em espécie vinculadas a Linhas Financeiras de Liquidez – LFL, +R$ 882 milhões).
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Por: Roberto de Lira – InfoMoney