O dólar teve queda de 0,55%, a R$ 5,058 na compra e na venda nesta quinta-feira (20), em movimento de ajuste, mas longe de compensar o salto de mais de 2% da véspera, que impulsionou a moeda acima de R$ 5.
No exterior, a divisa norte-americana também se manteve à tarde em queda ante moedas como o peso mexicano, o peso chileno e o dólar australiano.
Já na semana, a divisa subiu 2,92%, com as questões sobre a saúde fiscal do Brasil e continuidade do aperto monetário em países desenvolvidos refletindo no mercado.
O dólar à vista fechou a sessão da véspera cotado a R$ 5,086 na venda, em alta de 2,20%. Após movimentos expressivos da
divisa, é normal haver momentos pontuais de correção no sentido oposto, conforme operadores ajustam posições.
A disparada do dólar na quarta-feira foi atribuída por investidores, em parte, à avaliação de que a proposta do novo
arcabouço do governo para as contas públicas traz inconsistências e exime o governo de responsabilidades pelo
descumprimento das metas fiscais, além de embutir metas ambiciosas demais.
Além disso, olhando para o exterior, Raphael Bostic, presidente da divisão do Federal Reserve (Fed) de Atlanta, declarou durante a semana que, apesar dos indicadores de desaceleração da economia dos Estados Unidos, “a inflação permanece elevada”. Ou seja, Bostic indicou que a alta dos preços segue no topo da agenda de preocupações do Banco Central americano.
Isso após algumas semanas com vários indicadores de desaceleração da economia, aumentando a expectativa de desaceleração também da alta de juros pelo Fed. Na primeira semana do mês, quatro indicadores sucessivos do mercado de trabalho americano mostraram um alívio nas contratações. E na semana seguinte, o Consumer Price Index (CPI) de março ficou bastante abaixo das expectativas, recuando praticamente todo um ponto percentual no acumulado em 12 meses.
Contudo, as declarações recentes de diretores do Fed foram em outro sentido. A melhor explicação para isso, segundo a Levante, é a resiliência da inflação. Apesar dos diversos indicadores de desaceleração, a relação entre oferta e demanda por mão de obra nos Estados Unidos segue desequilibrada em favor da demanda. Há mais vagas do que trabalhadores disponíveis, o que eleva os salários e os custos das empresas. E além disso, insumos estruturais como o petróleo seguem com cotações elevadas.
“A explicação, aqui, vai além da mão invisível do mercado e passa pelas políticas deliberadas dos países exportadores de restringir a produção para manter os preços elevados. Tudo isso pressiona a inflação”, apontam os analistas.
Além disso, um outro indicador surpreendeu negativamente o mercado. Na madrugada de quarta-feira foi divulgada a inflação no varejo na Inglaterra. A taxa acumulada nos 12 meses até março ficou em 10,1%. Apesar de ter desacelerado em relação aos 10,4% de fevereiro, o índice de março ficou acima dos 9,8% esperados e permanece no território dos dois dígitos.
Desta forma, ressalta a Levante, os números ingleses e as declarações de diretores do Fed levam à conclusão que ainda vai demorar para que os investidores sintam algum alívio na política monetária.
Tal cenário contribui para a alta do dólar, uma vez que a queda da divisa nas últimas sessões foi muito atribuída aos ganhos de investidores estrangeiros com o carry trade. Isso acontece quando o Brasil tem taxas de juros elevadas em relação a economias desenvolvidas (que é o caso atualmente), um fluxo comum é a de entrada de recursos estrangeiros para aproveitar essa diferença. Com juros mais altos dos desenvolvidos, a expectativa é de que essa operação perca a atratividade (ainda que haja um diferencial de juro grande dessas nações frente a Selic, atualmente a 13,75% ao ano).
Análises do mercado
Com essa volatilidade para o câmbio, uma questão que fica no radar é sobre qual deve ser o desempenho dos ativos no curto e médio prazos.
Em análises anteriores, diversas casas haviam apontado que o dólar poderia ficar abaixo de R$ 5 no curto prazo, mas que previam a divisa acima desse patamar no fim do ano.
No curto prazo, os analistas da XP veem riscos equilibrados para a taxa de câmbio, mas mantêm a previsão de taxa de câmbio a R$ 5,30 no final de 2023, com uma média anual de R$ 5,15.
A Rico, por sua vez, destaca que as incertezas sobre os fatores que levaram à valorização recente da moeda brasileira seguem altas, especialmente relacionadas aos riscos fiscais por aqui. Assim, esperam que o dólar encerre 2023 em R$ 5,30 e 2024 em R$ 5,40.
“Mas vale destacar que essa projeção não significa que esse será o valor da taxa de câmbio ao longo de todo o ano. Pelo contrário, esperamos que o ‘sobe e desce do dólar’ siga presente, especialmente diante do alto nível de incerteza nos cenários global e doméstico”, avalia.
“A aprovação da nova âncora fiscal deve ocorrer com algum barulho, enquanto a aprovação das medidas de aumento de impostos pode custar mais no Congresso, afetando as contas públicas”, avalia. Assim, o banco vê o real acima de R$ 5 e espera que a moeda termine o ano a R$ 5,19.
(com Reuters)
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Por: Equipe InfoMoney – InfoMoney