A semana começou agitada para a Taesa (TAEE11), que pode realizar uma oferta de novas ações nos próximos dias. Essa possível movimentação da empresa “campeã de dividendos” desagradou o mercado, e as ações caíram na Bolsa.
Com esse cenário delicado, entenda em cinco pontos o que aconteceu com as ações da Taesa nas últimas horas e como isso pode impactar os investidores:
O que aconteceu com a Taesa?
No domingo (9), o site Brazil Journal publicou uma reportagem na qual afirma que a empresa pretende realizar uma oferta de novas ações avaliada entre R$ 1,5 bilhão a R$ 2 bilhões. A movimentação teria o objetivo de preparar a empresa para leilões de transmissão de energia.
De acordo com as fontes do veículo, esses novos leilões estão previstos para 2023 e 2024, e os vencedores deverão ter um capex de cerca de R$ 50 bilhões.
Essa oferta de ações da Taesa deve ocorrer na segunda metade deste mês ou no próximo, caso a empresa prefira aguardar a divulgação dos números do primeiro trimestre de 2023 (1T23), marcada para 3 de maio.
O follow-on da Taesa não está atrelado aos planos da Cemig (CMIG4) de eventualmente reduzir sua participação na Taesa — a empresa mineira e a Isa Cteep (TRPL4) detêm hoje 63% das ações votantes. Caso a Cemig siga com esse plano, uma nova oferta secundária de ações pode ocorrer ainda este ano.
Empresa se manifesta
Após ser questionada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa disse que “busca e avalia constantemente” oportunidades de financiamento e otimização da sua estrutura de capital mas que, até o momento, “não há qualquer decisão formal sobre qualquer oferta pública de ações, debêntures ou outros valores mobiliários via distribuição em mercado de capitais”. Confira o posicionamento na íntegra:
Em resposta ao ofício, a Companhia esclarece que busca e avalia constantemente oportunidades e alternativas de financiamento e otimização da sua estrutura de capital, visando a execução do seu planejamento estratégico baseado nos pilares de crescimento sustentável, excelência operacional, disciplina financeira e geração de valor.
A Taesa esclarece, contudo, que não há qualquer decisão formal da Companhia nesta data sobre qualquer oferta pública de ações, debêntures ou outros valores mobiliários via distribuição em mercado de capitais. Tal decisão está sujeita, dentre outros fatores, à obtenção das aprovações societárias necessárias, a condições políticas e macroeconômicas favoráveis e ao interesse de investidores. A Companhia informa ainda que, caso tal oferta pública ocorra, ela será realizada nos termos da legislação e regulamentação aplicável.
Ações da Taesa em queda; entenda
Na segunda (10), as ações fecharam o dia em queda de 3,14%, ao preço de R$ 33,95. Por volta das 13h desta terça (11), o papel caia 0,32%, ao preço de R$ 33,84.
Confira o gráfico com o comportamento das ações nos últimos doze meses:
Cotação taee11
Tiago Reis analisa cenário
Tiago Reis, fundador da Suno Research, reforça que a política de altos dividendos da Taesa vem acompanhada de um custo. “Qual foi aqui? Se a empresa quer crescer, ela tem que fazer emissões”, comenta.
“Não tem nada de errado nisso mas, muitas vezes, o investidor tem dificuldade de compreender. Por isso que sempre falo para não escolher um ativo só pelo dividend yield. Quem ganhar os leilões vai precisar de dinheiro e, hoje, a estrutura de capital da Taesa não é suficiente para fazer grandes investimentos, vai precisar se capitalizar”, prossegue.
“Isso é bom ou ruim? Acho que ninguém tem a resposta, pois os leilões ainda vão ocorrer no futuro. Ainda que a Taesa seja vitoriosa, não sabemos quanto vai ser necessário de capital”, complementa. Confira a análise de Tiago Reis na íntegra:
A Genial trabalha com a recomendação “manter” nas ações da Taesa, com o preço-alvo de R$ 36.
Genial torce o nariz para possível operação
Com as informações divulgadas até o momento, Eduardo Nishio, head de research da Genial Investimentos, acredita que não vale a pena participar dessa possível oferta. “Além do claro erro de direcionamento da empresa ao distribuir dividendos de maneira excessiva e precisar recorrer ao mercado em busca de recursos”, analisa.
“A empresa anunciar emissão de novas ações poucos meses após um pagamento recorde de dividendos entre 2020-2022 nos causa uma má impressão no que diz respeito as decisões de alocação de capital da empresa. Afinal de contas a mesma poderia ser mais conservadora na distribuição de proventos para momentos como esses, com oportunidades interessantes de investimentos”, complementa Vitor Sousa, analista da Genial.
Por: Erick Matheus Nery – Suno
