Após a notícia do colapso do Silicon Valley Bank, ou SVB, os bancos tem corrido para se pronunciar ressaltando que possuem pouca ou nenhuma exposição ao caso e não sofrem risco de liquidez ou de prejuízos em razão do fenômeno.
Um dos primeiros foi o Nubank (NUBR33), que já no fim de semana destacou que não possui exposição ao SVB. Após ele, Inter (INBR32) e C6 também fizeram questão de ressaltar ao público que não devem sofrer com o caso do banco do Vale do Silício.
Na mesma toada, o PagSeguro e o Neon ressaltaram também não terem exposição, a fim de tranquilizar os clientes em meio a uma série de questionamentos após os eventos que sucederam o colapso do SVB.
O Mercado Livre (MELI34), dono do Mercado Pago, também ressaltou na segunda (13) não ter exposição ao banco.
Nesta terça-feira (14) o Itaú (ITUB4) também comunicou não possuir exposição ao SVB nem aos bancos que sofreram com o colapso do mesmo.
Quem sofreu com o colapso?
Dentre as companhias que sangraram com a situação estão o BuzzFeed, empresa de mídia e entretenimento dos EUA.
Na segunda (13) a companhia comunicou ao mercado que a maior parte do seu dinheiro estava no SVB, o que provoca uma queda de 10% nos papéis durante as negociações que precedem a abertura de mercado (premarket).
Além disso, estima-se que algumas startups brasileiras tinham mais de US$ 10 milhões (mais de R$ 50 milhões) investidos e não conseguiram retirar os valores do banco americano.
Segundo informações do Bloomberg Línea, há fundadores de startups brasileiras que, desde a declaração de falência bancária do SVB, tentam a transferência dos valores retidos, mas que ainda não receberam os fundos.
Embora não fosse amplamente conhecido, o SVB era um banco usado pelas startups brasileiras para captar investimentos de venture capital e o 16º maior banco dos Estados Unidos. Apenas até sábado, mais de US$ 100 milhões foram retirados do banco por startups brasileiras.
Nos EUA, as autoridades também fecharam o Signature Bank no domingo 912), diante do que consideram “risco sistêmico”.
Em comunicado, o Departamento de Serviços Financeiros dos Estados Unidos revelou ter assumido controle do banco, que dispõe de cerca de US$ 110,36 bilhões em ativos e US$ 88,59 bilhões em depósitos.
O First Republic Bank, da mesma forma, foi um dos mais afetados, com queda de mais de 46% das suas ações no acumulado dos últimos cinco pregões.
Analistas destacam ambiente de liquidez e impacto no Fed
O impacto da falência do SVB foi tão grande que analistas chegaram a projetar uma pausa no aumento de juros por parte do Federal Reserve (Fed).
Especialistas do Goldman Sachs destacaram que não esperam alta de juros do Fed na próxima reunião, do dia 22 de março, “à luz do recente estresse no sistema bancário“.
Analistas do JP Morgan ressaltaram que a situação não deve apresentar risco sistêmico grave para os ‘bancões’, dado o portfólio de segurança e o provisionamento.
Aliás, justamente por isso fintechs e instituições financeiras mais expostas à pessoas físicas são as mais indagadas sobre as exposições.
Além disso, especialistas do UBS ressaltam que os bancos operam com uma cobertura de liquidez mais robusta desde que a Crise de 2009 assolou o sistema financeira.
Com isso, os bancos mantém uma quantidade relevante de ativos de qualidade e com liquidez relativamente alta.
“Permite-se aos bancos que eles mantenham esses títulos em contas especiais ‘Disponíveis para Venda’ e ‘Seguradas para o longo prazo’, isentas da marcação a mercado em caso de desvalorização dos preços”, explicam os especialistas.
SVB derrubou bolsas
Afora as quedas na casa de 1% em Wall Street, a crise do SVB derrubou drasticamente as bolsas da Europa já na véspera, com mais de 3% de baixa em Frankfurt (DAX) e Londres (FTSE).
Isso, dado que o HSBC – um dos maiores players do setor no continente – deu ‘resgate’ ao braço britânico do SVB.
Por: Eduardo Vargas – Suno