“Sem fazer loucura”, a Via (VIIA3) mantém sua operação firme e forte no varejo. É assim que Roberto Fulcherberguer, CEO da varejista, apresenta os números da “mãe” da Casas Bahia e do Ponto em entrevista ao Suno Notícias. Após a divulgação do balanço do quarto trimestre de 2022 (4T22), o executivo reforça que a companhia segue dando passos consistentes no caminho para voltar a dar lucro.
“A gente vem ganhando market share na Via, de maneira consistente, sem fazer loucura. Desde o início estamos falando que não vamos crescer a qualquer preço, sempre com preservação de rentabilidade. E a gente vem escalando a companhia. Ah, poderíamos fazer mais rápido? Poderíamos! Cashback, tem um monte de opções que poderíamos fazer, só que, no longo prazo, essas coisas tendem a não dar certo”, decreta o executivo.
A varejista apresentou seu balanço trimestral ao mercado na noite de quinta (9). À primeira vista, o principal destaque disponível no informe é negativo: prejuízo líquido de R$ 163 milhões ante um lucro de R$ 29 milhões no 4T21.
Contudo, ao destrinchar o relatório, a receita da Via voltou a crescer e a geração de caixa ficou no azul, em R$ 792 milhões, em função da melhor dinâmica nos estoques e com os fornecedores. Além disso, o GMV (volume bruto de mercadorias, em inglês) da Via cresceu 6% na comparação anual.
A gente vem escalando, preservando rentabilidade da companhia de forma absolutamente focada em melhorar a operação de maneira contínua e escalamos o GMV.
“O que a gente viu? Temos uma vantagem de sermos omnicanal. Então, para nós, queremos atender o consumidor no local onde ele quiser ser atendido, no momento em que ele quiser. Tanto que muitos consumidores mudaram da jornada online para a jornada física, retornaram [às lojas] no pós-pandemia”, complementa Fulcherberguer.
Nas lojas físicas, o GMV anual cresceu 16%, enquanto o indicador caiu 4% no online. “A gente vem com crescimentos bastante expressivos nas lojas físicas. No online, sofremos um pouco de ressaca com o forte crescimento nos últimos anos. Diria que estamos fazendo a venda no local onde o consumidor quer comprar”, detalha o CEO da Via.
Via: O que esperar para 2023?
Ao Suno Notícias, Fulcherberguer reforça que um dos principais desafios da companhia no último ano foi a questão das dívidas trabalhistas.
“Tinha uma grande dúvida do mercado de quão assertivo seriamos aqui e, de fato, tínhamos uma saída de caixa em torno de R$ 1,5 bilhão, R$ 2 bilhões. Conseguimos ficar abaixo, com consumo de caixa de R$ 1,2 bilhão”, destaca.
A gente vem de um ano de grande organização. Estamos começando a colher todos os investimentos que essa companhia fez em tecnologia. Então, a gente vem ganhando muita produtividade. Por outro lado, a companhia preservou rentabilidade.
Na visão dos analistas da Genial Investimentos, o resultado do 4T22 da Via foi positivo. “Em uma visão sequencial, a Via consolidou uma importante recuperação nesse trimestre, com um grande impacto positivo de um ‘efeito não recorrente’: a renovação da parceria com o Bradesco (BBDC4) por mais 15 anos”, comentam os analistas da Genial Iago Souza, Vinicius Esteves e Nina Mirazon.
Na contramão, a XP Investimentos interpreta os números como “mais fracos que o esperado”. Porém, os analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt reforçam que a receita da varejista está “voltando a crescer e sólida geração de caixa”.
Por volta das 17h30 do Ibovespa hoje, as ações VIIA3 eram negociadas em queda de 7,22%, ao preço de R$ 1,80.
Por: Erick Matheus Nery – Suno