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O que esperar para o petróleo em meio à volatilidade da commodity? Analistas destacam projeções para 2023 e ações preferidas

Após registrar uma forte queda de 11% na semana passada, na esteira das preocupações com a desaceleração da economia global (particularmente nos EUA), os últimos dias apresentam como de recuperação para o petróleo, com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+) Opep e a Agência Internacional de Energia (AIE) prevendo uma recuperação da demanda ao longo do próximo ano e com a projeção de desaceleração da alta dos juros pelo Federal Reserve com sinais de desaceleração da inflação. O contrato futuro do brent para fevereiro subia 2,5% nesta tarde, a US$ 82,70 o barril, por volta das 14h30 (horário de Brasília), após fechar a sexta-feira a US$ 76,10.

Mesmo na última semana de forte baixa, a expectativa de analistas consultados pelo InfoMoney era de resiliência dos preços do petróleo, com sinais de oferta restrita.

Já em relatório desta quarta-feira, o Credit Suisse apontou que o barril do brent deve se manter em US$ 85 ao fim de 2023, com o apoio da escassez da oferta da commodity, o que compensa uma possível queda na demanda com a recessão econômica global. Olhando para um prazo mais longo prazo, o preço deve ser de US$ 70 o barril, avaliaram Regis Cardoso e Marcelo Gumiero, analistas que assinam o relatório.

A China, por sua vez, é o fator decisivo na demanda. “Do lado da oferta, cortamos a previsão de produção da Rússia em 0,5 milhão de barris por dia (mb/d) em 2023 e atualizamos nosso modelo para refletir que alguns países da Opep continuam produzindo abaixo da meta”, apontam.

Mais otimistas, os analistas do Bank of America Frank McGann e Leonardo Marcondes acreditam que o preço médio do petróleo tipo brent deva ficar em US$ 100 em 2023. O banco vê o preço no próximo ano no mesmo patamar visto nos meses finais de 2022, com maior volatilidade, que pode ir de até US$ 20 para cima ou para baixo. No segundo semestre, também com pressão de oferta, a cotação deve chegar até US$ 110.

O BofA acredita que os preços pressionados para cima devem ocorrer como reflexo da visão de uma reversão das projeções de recessão global para uma leitura mais positiva sobre a economia. A demanda deve aumentar com a reabertura da China após um longo período de restrições por medidas contra a Covid-19. Além disso, haverá maior visibilidade para a estabilização dos juros nas maiores economias do mundo e o aumento do uso de petróleo para geração de energia.[

Para McGann e Marcondes, o risco global deve permanecer elevado no médio prazo, podendo limitar o desempenho de ações ligadas ao setor. “No entanto, um eventual pico nas taxas de juros em 2023, combinado com um potencial abertura da economia chinesa, poderia levar a um desempenho de mercado mais forte”, avalia.

Já pela ótica da oferta, a visão também é de que a Opep+ limitará a produção, enquanto países fora do grupo tendem a aumentar as atividades. A compensação dos baixos níveis dos estoques também deve favorecer a oferta.

O Citi, por sua vez, reduziu suas projeções para o petróleo nesta semana, cortando as projeções em 9% ante suas expectativas anteriores, mesmo com a visão de recuperação na China. A projeção agora é de que o brent fique em US$ 80 o barril em 2023; já para 2024, a cotação deve ser de 72% (4% abaixo da previsão anterior). No longo prazo, a projeção é de US$ 70 o barril.

“Com recessão em diversas regiões do planeta, choque de energia na Europa e redução gradual, mas conturbada, dos lockdowns na China, vemos a demanda trimestral por petróleo com risco de queda, mas cenário-base apontando para crescimento anual”, destacam os analistas. Contudo, mesmo com a demanda enfraquecida, os preços não devem cair abaixo de US$ 70.

Como operar nesse cenário?

Para o Credit Suisse, o ambiente de alta limitada da produção pela Opep pode beneficiar países fora da organização, como EUA e Brasil, com alta das exportações ao aumentar os volumes, destacando que a Petrobras (PETR4) tem em seu plano estratégico um aumento de 400 mil barris por dia até 2027.

O banco tem recomendação equivalente à neutra para os ativos da Petrobras, com preço-alvo de US$ 16 para os American Depositary Receipts (ADRs, ou os ativos negociados na Bolsa de Nova York) PBR. Os analistas destacaram ainda não incorporar os riscos políticos nas estimativas para a Petrobras, mas aponta que a percepção de risco sobre a empresa seguirá pressionando os ativos. Cabe destacar que as ações da companhia chegaram a cair mais de 10% nesta quarta após mudança na Lei das Estatais pela Câmara dos Deputados. 

Assim, em Brasil, os analistas do banco suíço preferem PRIO (PRIO3), com recomendação de compra para os ativos e preço-alvo de R$ 42. Para os analistas, a companhia segue nos trilhos de elevar a produção ao iniciar e expandir operações de ativos adquiridos. Além disso, segue a busca por novos ativos, o que cria gatilhos positivos em potencial.

O BofA também se mantém neutro com Petrobras, também levando em conta as incertezas sobre a empresa com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) .“Espera-se que o novo governo Lula faça importantes ajustes na Petrobras, que podem levar a mudanças nos gastos de capital, com mais investimentos em renováveis e menores dividendos”, avalia.

Além disso, também ressalta a tendência de mudanças nas operações da empresa, como maior atenção para energias renováveis. “A incerteza relacionada a como que isso será implementado provavelmente limitará a valorização das ações, apesar de outros fatores positivos”.

Os analistas do banco têm preferência por Tenaris no setor mas, com relação ao Brasil, possuem recomendação de compra para PRIO, PetroReconcavo (RECV3), 3R Petroleum (RRRP3) e Enauta (ENAT3).

Na véspera, o Bradesco BBI rebaixou a recomendação para Petrobras para neutro também de olho na política e destacou preferência por PRIO (recomendação outperform, com preço-alvo de R$ 51) e 3R (outperform, preço-alvo de R$ 103), sendo bons nomes para operar a tese que os analistas possuem de preços do petróleo resilientes aliados a crescimento.

“O principal risco é de mudanças na tributação do setor, que acreditamos ter diminuído com os preços atuais do petróleo”, apontam os analistas.

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Por: Lara Rizério – InfoMoney

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