No caminho da reestruturação, a Natura&Co (NTCO3) registrou um novo prejuízo no terceiro trimestre de 2022 (3T22), o terceiro consecutivo, atingida duramente pela queda global da demanda diante da alta da inflação. A proprietária das marcas Natura, Avon International, Aesop e Body Shop registrou um prejuízo líquido atribuído aos controladores de R$ 559,8 milhões no trimestre encerrado em setembro, ante lucro de R$ 272,9 milhões registrados em igual período do ano passado.
Contudo, conforme destacaram executivos da companhia em teleconferência de resultados nesta quinta-feira (10), a marca Natura teve momento forte no Brasil, impulsionado pelo preço e melhora no mix de categoria alinhado a demanda de mercado.
Segundo o CFO Guilherme Strano Castellan, na América hispânica, o crescimento foi impulsionado principalmente por Argentina e Colômbia, parcialmente compensados por desempenhos fracos em México e queda no Chile.
Por outro lado, a Avon internacional foi fortemente impactada pela guerra na Ucrânia. De acordo com o executivo, as vendas da Avon Internacional refletiram menor poder de compra na Europa. O novo modelo comercial implementado em 20 mercados, 4 a mais que no trimestre anterior, resultou em melhora na produtividade.
A companhia, em sua estratégia, prevê abrir mais 2 unidades da Aesop na China; segundo o CFO, o mercado é chave nos próximos anos. Ao citar que o mercado asiático é uma ótima oportunidade para a Aesop, Castellan availou que a empresa está “entusiasmada com resultado da Aesop e os planos para a China são otimistas”. Ele diz que a Natura&CO está feliz com progresso da equipe e os resultados obtidos com a evolução do negócio e aspectos legais no mercado chinês.
A projeção é de pressão nas margens no curto prazo mas, apesar disso, Castellan destacou que o 4T22 “deve vir bem forte” e a tendência de receita deve melhorar. As pressões nas margens no 3T22 tiveram dinâmicas diferentes em cada marca, algumas sofreram mais que a outras. Na Avon Internacional, por exemplo, que teve o maior impacto nas margens, grande parte foi impactada por conta das commodities. Mas o CFO cita a guerra Rússia/Ucrânia e a inflação mundial também como fatores que tiveram grande impacto nas margens da Natura&Co.
O CFO apontou ainda que, nos terceiros trimestres, a Natura sempre procura aumentar o nível de inventário para melhorar o fluxo de caixa e isso tem consequência clara em questão de sazonalidade. Mas ele diz que a empresa está caminhando na direção certa e que as ações tomadas pelas unidades de negócio têm melhorado os níveis de estoques. “Acho que estamos em boa posição para o 4T22, apesar de que em alguns países têm questões das cadeias de suprimentos que podem ter impactos”, afirma.
Para o Bradesco BBI e a XP, a empresa reportou um conjunto misto de resultados.
“O faturamento consolidado ficou 1% abaixo da nossa estimativa, principalmente nas divisões Aesop e The Body Shop. A América Latina nos surpreendeu em 3%, liderada pelo crescimento de 10,2% em moeda constante, com destaque para o desempenho positivo da marca Natura em toda a região”, destacou o BBI.
“Sentimentos mistos, dado que o crescimento da receita excluindo o segmento da América Latina reduziu os números consolidados, mas as margens Ebitda de todas as divisões se recuperaram em comparação com os números do 2T22. Apesar de o Ebitda estar acima de nossas estimativas, não prevemos uma forte reação à isso, pois ainda há incertezas no horizonte que ainda podem surgir nos próximos meses”, avaliaram os analistas do banco. Eles veem a ação descontada e mantêm recomendação de compra para os ativos para 2023, com apenas pequenas alterações em suas estimativas.
A Natura & Co LatAm foi o principal destaque com uma receita líquida e margem Ebitda superiores, apesar da erosão da margem bruta. “Temos uma visão positiva da redução das despesas gerais e administrativas e as despesas de vendas controladas. Além disso, saudamos a declaração da administração sobre capital de giro: todos os projetos estratégicos nessa frente estão começando a dar frutos. Por outro lado, o crescimento da Aesop em 21,5%, mas uma queda de quase 3 p.p na margem Ebitda, levanta uma bandeira amarela sobre a necessidade de investimentos para sustentar o crescimento da marca”, apontam.
A XP também ressalta as dinâmicas melhores na América Latina e redução da queima de caixa, mas com margens pressionadas e aumento dos custos de transformação.
Apesar dos números “mistos”, as ações NTCO3 têm um dia de perdas de cerca de 6% na B3, acompanhando a sessão bastante negativa para o mercado brasileiro.
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Por: Lara Rizério – InfoMoney